Lembrar os pobres
Jesus, na sua vida, se aproximou e sentiu compaixão por aqueles que mais precisavam, como: a multiplicação dos pães (cf. Jo 6,1-15) e a presença do Espírito Santo n´Ele (cf. Lc 4,18). Em outra oportunidade, “levantando os olhos e vendo uma grande multidão que se aproximava, Jesus disse a Filipe: ‘Onde compraremos pão para esse povo comer?’” (Jo 6,5). Ou, ainda, em Atos dos Apóstolos, quando as homens se queixaram porque as viúvas não eram atendidas como deviam (cf. At 6,1-6), houve uma resposta dos apóstolos que o lugar dos diáconos é “servir às mesas” (At 6,2). No início da pregação dos diáconos está esta palavra: ser servidor, ser servidor das mesas. “Sem oração não existe vida cristã autêntica. Sem caridade, a oração não pode ser considerada cristã. Quando se contempla Deus, percebe-se a beleza do pequeno e do simples, e se educa o olhar para ver as necessidades do outro” (CNBB, Diretrizes, n.102). Não há dúvidas sobre o sentido último da nossa vida, que vai além daqui, está em Deus. Porém, como ficar indiferente diante do sofrimento de um irmão?
Lembrar os pobres. Todos somos uma “grande família”. Esta realidade, nestes tempos tão difíceis, nos fazem refletir sobre o que temos para dar. Ao olharmos para a situação em que vivemos, nos perguntamos: o que eu tenho feito para meu irmão que precisa mais do que mim? O que mais precisamos dar, no silêncio? Nós damos porque temos um caminho. É o caminho cristão, claro, cheio de vida. Quem tem fé, reconhece no irmão a verdade do que crê. Se ele tem fé em Jesus Cristo, fonte de nossa fé, todos somos irmãos. Mas, também, devemos dar de nós mesmos, nosso tempo. Dar sempre com muito amor. “E nos recomendaram apenas que não nos esquecêssemos dos pobres, o que também tenho me esforçado por fazer” (Gl 2,10), nos diz São Paulo. Desde sempre, os cristãos tem esta compreensão da necessária ligação entre os pobres e a fé cristã.
O Papa Francisco insiste numa “Igreja pobre para os pobres” (EG n.198). Desde o Papa Bento XVI se afirmou: “A opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para nos enriquecer com a sua pobreza” (DAp n.3). Devemos “afirmar sem rodeios que há um vínculo indissolúvel entre nossa fé e os pobres” (CNBB, Diretrizes, n. 108). É claro que hoje temos a Doutrina Social da Igreja, um longo pensamento sobre nossa fé. O último escrito do Papa Francisco sobre a doutrina social da Igreja, foi a Fratelli Tutti (Todos irmãos), escrito em 03 de outubro de 2020. Talvez muitos nem conhecem nossa fé e as consequências morais de uma vida alicerçada em Deus. Contemplar o Cristo sofredor na pessoa dos pobres, significa comprometer-se em buscar as causas do sofrimento de todos os que estão na solidão.
Nossa Diocese de Cruz Alta tem uma Pastoral Social e Caritas organizadas. As paróquias da Diocese estão bem articuladas. Roupas e alimentos. Não falta quem se distingue com um olhar especial para todas as necessidades da pessoa e da família. Sempre para os quilombolas, os migrantes, a Pastoral da Criança e, sobretudo, os mais pobres. Sabemos que temos nosso povo que dá onde acha melhor, visto que nem sempre se tem o local específico. Contudo, o importante é que sejam bem organizados. Deus conta o coração de cada um de nós! A partir de 2022 todas as paróquias da Diocese terão seu serviço organizado de ação solidária e social, com os cinco por cento dos valores do dízimo, na paróquia e na Diocese.