Creio que já ocorreu em sua roda de amigos falarem que “Fulano trabalha remotamente”, “Ah, Ciclano trabalha com internet”, “Ouvi que Beltrano trabalha de casa” e no meio dos comentários surge um “Cara, descobri uma plataforma que entro exatamente X horas que ela “buga”, uso um cupom do influenciador Y e ponho Z de banca”. Cassinos sempre tiveram esta mística no imaginário popular de multiplicar esse dinheiro, tanto ao testar sua sorte puxando alavancas, escolhendo entre uma das cores de uma roleta ou jogando cartas com um vodka martini batido e não mexido até em filmes, séries e jogos sendo palco de assaltos mirabolantes, mas na vida real é somente um entretenimento de adrenalina barata. E, ao contrário dos cassinos, o mercado financeiro dá mais oportunidades de render o dinheiro que foi investido, desde comprar ações, criar carteiras, operar nos pregões e, com isso, me veio a seguintes perguntas “Como ainda preferem a sorte do cassino?” e “Por que é melhor investir no mercado, ainda que esteja numa fase complicada?”.

Primeiro ponto a ser citado é a estrutura de funcionamento das partes, já que ambos se assemelham em ter dinheiro alocado para usufruir dos serviços onde e quando quiser e riscos de perder capital contudo a interação do e com o usuário e seus fins são distintos. Para começar o cassino, tanto físico quanto virtual/plataformas, é voltado para o entretenimento adulto, usando uma aquarela opulenta e símbolos que remetem fortuna, muitos efeitos visuais e auditivos, cheio de distrações para fazer você perder dinheiro e, por uma mistura de dopamina com ganância e esperança de obter um jackpot ou de recuperar o que perdeu, te viciar. No mercado, desde investir até operar, é voltado na economia e uma forma de renda, onde seus investimentos o podem proporcionar dividendos, seu salário principal ou até conversas com outros investidores e novos horizontes para estudos, teorias e novas oportunidades e práticas de investimento.

Outro tópico que andam juntos em ambas as partes é a manipulação, ambas ocorrem, mas de maneiras distintas. A começar pelo mercado, quando o preço se movimenta a favor da tendência e ocorre um fluxo anormal e ligeiro de ofertas contra a tendência, gerando uma falsa quebra de tendência e corrigindo de volta à tendência de antes na próxima vela (Spoofing), ou quando o mercado prepara o movimento de pullback mas o preço encontra uma resistência e vai 1, 2, 3... até quebrar e fazer uma nova breve tendência (escora de preço/institucional), fazendo o investidor que escolheu entrar nela de liquidez e arruinando sua operação (esses dois exemplos são os mais recorrentes no daytrade e existem muitos mais, tanto dentro quanto fora dos pregões). Ao contrário do mercado, onde a manipulação pode ser evitada, nos cassinos/plataformas ocorre de maneira determinística, onde ocorre um número de perdas até vier um prêmio que nunca cobre o total do valor gasto, e probabilístico que, usando o método de Monte Carlo e a Lei dos Grandes Números, a probabilidade de ganhar é de no máximo 49%, nunca de 50% para garantir o lucro do cassino, e quanto mais você jogar, mais você vai perder concretizando a famosa frase “A casa sempre ganha”.

Finalizo reiterando que cassino, tanto as plataformas quanto o local em si, não devem ser tratados como solução milagrosa para recuperar dinheiro ou como um tipo de renda, claro que se você destinar aquele dinheiro que sabe que não vai fazer falta e usar neste entretenimento sabendo se controlar e quando sair OK, mas se está precisando de dinheiro para pagar uma conta, comprar um presente para sua família ou para realizar seus sonhos EVITE e prefira investir no mercado financeiro, em vender brownie, brigadeiro, trufa... ou em outra alternativa de renda. Só no ano passado pela pesquisa do Banco Central de setembro R$ 3 bilhões foram gastos por beneficiários do Bolsa Família, dinheiro que invés de ter sido gasto em um péssimo passatempo usado para se aprimorar investindo em sua educação ou outra renda até ser autossuficiente e não precisar de ajuda governamental.