Ao longo desses últimos anos, acompanhando a situação política do país, tenho percebido cada vez mais a necessidade de um tipo de brasileiro que, atualmente, é muito difícil de se encontrar: um estadista. Não importa se é esquerda, centro ou direita: todos em algum momento se envolvem em picuinhas, em discussões sem proveito algum, como uma criança fazendo birra tentando conseguir o que quer. E quem mais sofre e paga por esse esgoto de debates é o povo brasileiro.
É difícil imaginar que tivemos um brasileiro tão ímpar como José Bonifácio de Andrada e Silva, um dos nossos patriarcas da Independência. Quase ninguém mais lembra desse homem, que era tão honrado a ponto de ter uma estátua sua no Central Park em Nova Iorque. Foi Bonifácio quem, através de sua vida de estudos, orientou política e intelectualmente os Imperadores Brasileiros a tal ponto que, em carta, teve a firmeza em dizer a Dom Pedro I que, se não permanecesse no Brasil, correriam “rios de sangue, nesta grande e nobre terra”.
Fato pouco conhecido também, é que Dom Pedro I tinha 24 anos quando declarou a independência do Brasil. É relatado que, no momento em que ele estava em São Paulo, após receber as cartas de Bonifácio e da sua esposa, a Imperatriz Dona Leopoldina, orientando a separação do Brasil de Portugal, ele disse: “Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus, juro fazer a liberdade do Brasil! Brasileiros, a nossa divisa de hoje em diante será: Independência ou Morte”. Toda vez que leio isso, sempre levo como um tapa na cara, pois atualmente sou mais velho que ele, e sequer tive 10% dessa hombridade em muitas situações da minha vida.
Não vivemos mais em tempo de independência e fundamentação política e de Estado, como era no século XIX, mas ainda precisamos de heróis, de estadistas, que realmente liderem a nação, sem uma visão temporária e fugaz para angariar votos, mas que realmente pensem no desenvolvimento e estabilidade do Brasil. Uma nação sem referências e sem história está fadada ao fracasso, e é dever daqueles que ainda dão valor à honra, à virtude, que isso não aconteça.
Correr contra a corrente é difícil e exaustivo. Nos decepcionamos com nossos políticos, nossos familiares, nossos colegas de trabalho e estudo e até com nossos amigos. Todavia, se você se deixa levar por essa corrente, acaba se tornando responsável pela perpetuação desse status quo porque, apesar que as pessoas podem não acreditar mais em honra, ainda querem acreditar nisso. Devemos respeitar e dar valor pelos brasileiros ímpares do nosso passado, que lutaram pela estabilidade e integridade deste grande Império do Brasil, para que o sacrifício deles não tenha sido em vão.