A colheita da soja no Rio Grande do Sul está praticamente concluída, restando apenas áreas residuais de cultivos tardios ou de segunda safra, que representam menos de 0,5% da área total plantada no estado. A informação foi confirmada pela Emater/RS-Ascar, em seu mais recente Informativo Conjuntural, divulgado nesta semana.
Apesar da proximidade do encerramento da safra, as chuvas registradas a partir de 24 de maio atrasaram a finalização dos trabalhos de campo em algumas regiões. De acordo com a Emater, “a colheita só será finalizada com a melhora das condições climáticas”, o que deve ocorrer com a retomada de dias mais secos nos próximos períodos.
Mais preocupante do que o atraso, porém, são os números que revelam perdas significativas na produtividade da safra 2024/2025. A área plantada foi estimada em 6.770.405 hectares, mas a produtividade média final ficou em 1.957 quilos por hectare, uma redução drástica de 38,43% em relação à estimativa inicial, que projetava 3.179 quilos por hectare.
Essas perdas refletem os efeitos combinados de estiagens prolongadas em diversas regiões do estado, associadas a episódios de chuvas intensas no final do ciclo, o que dificultou tanto o desenvolvimento das plantas quanto o escoamento da produção no momento adequado.
Com o impacto direto na renda dos produtores, muitos agricultores gaúchos enfrentam dificuldades para equilibrar as finanças e dar continuidade ao planejamento da próxima safra. Segundo a Emater, há um aumento significativo na demanda por medidas de securitização de dívidas, especialmente entre pequenos e médios produtores, que dependem do crédito rural para manter suas atividades.
A falta de políticas públicas claras para a renegociação das dívidas agrícolas pode ter efeitos preocupantes para o setor. Há, inclusive, o risco de redução da área destinada ao cultivo de soja na próxima temporada, o que pode comprometer ainda mais a economia de regiões fortemente dependentes da cultura.
Com a colheita quase concluída e os números consolidados, sindicatos rurais, cooperativas e entidades representativas do setor vêm intensificando o diálogo com os governos estadual e federal em busca de apoio emergencial, tanto por meio da reestruturação de passivos como pela criação de mecanismos que assegurem a continuidade da produção agrícola no estado.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper