Na esperança de ajudar apicultores atingidos pelas recentes enchentes no Rio Grande do Sul, uma remessa de 47 toneladas de açúcar orgânico VHP se tornou um raio de esperança. Esta matéria-prima crucial para a produção de açúcar refinado será utilizada como alimento essencial para os enxames que sobreviveram às devastadoras inundações de maio. Estima-se que até 60 mil colmeias tenham sido destruídas, deixando a apicultura gaúcha em estado de emergência.
A iniciativa de doação prioriza os apicultores e meliponicultores nos municípios reconhecidos em estado de calamidade pelo governo federal. Posteriormente, as doações serão estendidas às áreas em estado de emergência e, eventualmente, a todos os outros afetados pelo impacto nas produções melíferas.
"Assim como o Senar-RS conseguiu feno para alimentar o gado leiteiro, estamos enviando o açúcar VHP para garantir a subsistência das abelhas durante este período crítico", explicou Patric Luderitz, presidente da Câmara Setorial da Apicultura da Seapi.
Para receber a doação, os produtores de mel devem estar com suas inscrições atualizadas na Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). A quantidade distribuída será calculada com base nas colmeias ainda operantes após o desastre, fornecendo 3 quilos de açúcar por caixa viva.
As regiões mais afetadas pelas enchentes, como a Metropolitana, Vale do Sinos, Caí, Paranhana, Vale do Taquari, Rio Pardo, Centro, Sul e Serra, estão no centro das operações de resgate e assistência.
Além da alimentação com açúcar, o Plano de Ação Emergencial de Reconstrução liderado pela Fargs visa à sobrevivência das abelhas no inverno, incluindo suprimentos proteicos como pólen. A segunda fase do plano envolve a instalação e operação de uma pequena indústria para a produção de caixas, cera alveolada, abelhas rainhas e núcleos, visando à reposição das colmeias perdidas.
"Estamos buscando apoio governamental para estabelecer estas unidades no Parque Apícola de Taquari e distribuir os materiais gratuitamente aos produtores. Precisaremos de recursos significativos e pelo menos uma década para reconstruir o que foi perdido", enfatizou o vice-presidente da Fargs.
A recuperação da atividade melífera também está sendo impulsionada por uma campanha de doações liderada pela Fargs, que inclui contribuições de pessoas físicas e jurídicas através do pix sosabelhasfargs@gmail.com. As perdas no setor com as enchentes são estimadas em pelo menos R$ 30 milhões entre mel, colmeias e polinizadores.
A situação ainda é crítica, especialmente porque muitas espécies de abelhas viviam naturalmente, sem intervenção humana. A federação trabalha com um índice de perda de até 20% do rebanho apícola, de acordo com dados do IBGE.
Enquanto isso, a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) esclarece que o pedido de auxílio de R$ 6 milhões para socorrer a apicultura ainda não tem previsão orçamentária. Um acordo de cooperação com a Fargs já foi firmado para compartilhar instalações e promover o desenvolvimento agrícola e a pesquisa apícola.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper