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Qual foi o item que mais pesou nos custos da safra do Estado
AGRO
Publicado em 20/07/2022

Na combinação da elevação de custos com a quebra de safra, nem mesmo os preços remuneradores foram capazes de evitar o prejuízo nas lavouras do Estado na safra 2021/2022. É o que apontam os dados agora divulgados do levantamento do Programa Campo Futuro, uma parceria entre Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Esalq/Cepea.

Um dos diagnósticos do estudo, feito no Rio Grande do Sul com a participação da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), é o de que nas quatro culturas pesquisadas (soja, milho, arroz e trigo) houve redução em produtividade — volume colhido por hectare.

E nem mesmo as lavouras que contam com sistemas de irrigação conseguiram escapar dos danos decorrentes da estiagem prolongada. E foi essa redução de volume, associada ao encarecimento das despesas, que gerou um quadro de prejuízo em três diferentes níveis, explica Ruy Silveira, economista da Farsul e um dos responsáveis pelo estudo, conduzido em seis municípios (veja quadro abaixo).

Em relação aos gastos, um item em particular pesou no bolso do produtor: o fertilizante. Embora os valores desse insumo tenham ganhado destaque neste ano, em razão dos efeitos da guerra Rússia-Ucrânia, dois grandes fornecedores globais, em 2021, o produto havia registrado uma escalada.

— Disparou de uma maneira nunca antes vista. Com a pandemia se fecharam as minas, então se enxugou muito da oferta e tudo encareceu — explica o economista da Farsul.

Além de adubos, alguns produtos químicos também tiveram impacto sobre o desembolso a ser feito.

Para a safra 2022/2023, a tendência é de que os fertilizantes sigam tendo uma influência importante nas contas, sem ter o mesmo protagonismo do ciclo anterior.

— O custo não vai ficar muito concentrado só nesse insumo — completa Silveira, dentro do quadro de inflação global.

Na avaliação individual das culturas, a soja, principal grão de verão, foi duramente impactada pelo clima. E nem mesmo os 28% de aumento da cotação evitaram o prejuízo financeiro. Em Tupanciretã, que tem a maior área cultivada do RS, a quebra ficou na média de 80% e não foi possível sequer cobrir os custos totais, acrescenta o economista:

— Em praticamente todas as praças levantadas os produtores fecharam com prejuízo em todos os níveis de custos. Já largaram perdendo.

 

 

 

Resultados a campo

  • A pesquisa foi conduzida em seis municípios do Estado. Em cada, foram avaliadas culturas específicas
  • Em Carazinho a informação foi sobre soja e milho de sequeiro e trigo; em Cruz Alta, soja irrigada e de sequeiro e milho irrigado; em Tupanciretã, soja de sequeiro e trigo; em Bagé, soja de sequeiro e irrigada; em Camaquã, arroz e soja de sequeiro e em Uruguaiana, arroz irrigado
  • Entre os diagnósticos apurados, o de que lavouras de milho irrigado tiveram custos maiores (cerca de 40% em Cruz Alta), mas perdas menores do que no sequeiro
  • No arroz, 100% irrigado, a receita foi muito impactada: além dos danos da estiagem, os custos subiram, e os preços caíram
  • Na soja, no litoral e sul do Estado a quebra foi inferior (em Bagé, caiu 18%) à de regiões tradicionais
  • O trigo foi o que teve maior aumento de custo: 60% na média

 

Fonte: Coluna Gisele Loeblein – GZH

Rádio Cidade Cruz Alta  e  Jornal Tribuna

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