O juiz de Direito Rafael Gomes Cipriani Silva, da 1ª Vara da Comarca de Santo Antônio da Patrulha (Litoral Norte), decidiu que os dois acusados pela morte de um empresário mineiro no Rio Grande do Sul serão submetidos a júri popular, em data a ser definida. Conforme o Ministério Público, os réus cometeram o crime – em junho de 2023 – após atraírem a vítima para uma falsa negociação financeira.
Além do homicídio qualificado pelos agravantes de motivo torpe, uso de recurso que dificultou a defesa, os dois homens poderão ser condenados por ocultação de cadáver, porte e posse irregulares de arma-de-fogo. Ambos continuam presos preventivamente desde aquela época.
A lista de testemunhas ouvidas no curso do processo é formada por 14 pessoas. São elas familiares da vítima, policiais civis e indivíduos ligados aos réus.
Relembre o caso
Samuel Eberth de Melo, 41 anos, era dono de uma revenda de veículos em Contagem (MG) e estava no Rio Grande do Sul, em junho de 2023, para tratar de uma dívida de R$ 5 milhões, referente a 44 automóveis que enviara a um parceiro comercial gaúcho, que por sua vez não efeturar os devidos pagamentos.
Ele desapareceu no dia 2 daquele mês, após fazer em Novo Hamburgo (Vale do Sinos) um último contato telefônico com familiares em Minas Gerais. Seu corpo acabou encontrado mais de uma semana depois, em área de mata próxima a Santo Antônio da Patrulha (Litoral Norte).
Além do monitoramento dos sinais emitidos pelo celular de Samuel, foi determinante para a localização do cadáver a ajuda de um cão farejador: o animal latiu ao deparar com os óculos da vítima nas imediações do perímetro de busca. O corpo estava coberto por folhas, telhas e outros objetos – segundo a Polícia Civil, os algozes não teriam conseguido enterrá-lo totalmente, devido ao o solo do local ser mais duro que eles esperavam.
A perícia confirmou como causa da morte uma série de tiros na cabeça, tórax, abdômen e braço. O empresário – identificado por exame impressões digitais – deixou noiva e três filhos.
Atuaram nas buscas – ao longo de sete dias – equipes da Brigada Militar (BM), Corpo de Bombeiros Militar (CBM) e Instituto-Geral de Perícias (IGP). Esse trabalho conjunto entre as forças de segurança do Rio Grande do Sul foi considerado fundamental pelas autoridades na elucidação do crime.
Durante a apuração, os investigadores encontraram vestígios de sangue em veículos, mensagens suspeitas em celulares e munições compatíveis com a pistola calibre 380 utilizada na execução. As investigações indicaram que os acusados teriam agido com divisão prévia de tarefas, incluindo a aquisição de ferramentas e materiais para a ocultação do corpo, evidenciando também a premeditação do crime.
Rastros e contradições
O primeiro a ser ouvido pelos investigadores foi o parceiro comercial gaúcho da vítima. Contradições no depoimento motivaram uma ordem de prisão temporária, dois dias depois do desaparecimento de Samuel, medida posteriormente convertida em preventiva.
Também pesou contra ele o fato de ter comprado lonas, pás e outros itens compatíveis com as ferramentas necessárias para enterrar o corpo. Já o outro indivíduo, capturado no dia 11, é um suposto comparsa que teria participado tanto da morte quanto da ocultação do cadáver.
(Marcello Campos)