A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no inquérito que apura o uso ilegal da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para fins de espionagem durante o seu governo. A informação foi divulgada nesta terça-feira (18) pelo portal g1. Segundo a PF, Bolsonaro tinha conhecimento do esquema e se beneficiava diretamente da estrutura montada para monitorar ilegalmente autoridades e cidadãos.
No total, 35 pessoas foram indiciadas, incluindo o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) — que dirigiu a Abin no período — e Luiz Fernando Corrêa, atual diretor da agência. A PF aponta que policiais, servidores e funcionários da Abin formaram uma organização criminosa para monitorar, por meios ilegais, celulares e computadores de magistrados, parlamentares, jornalistas e outras figuras públicas.
As apurações indicam que o esquema de espionagem foi estruturado a partir da própria Abin, que utilizava programas e técnicas avançadas para invasão de dispositivos eletrônicos, sem autorização judicial. Ainda segundo os investigadores, a atual direção da agência teria atuado para obstruir as investigações, o que também motivou o indiciamento por obstrução de Justiça.
O inquérito revelou que o núcleo do esquema era liderado por Ramagem, hoje deputado federal, com apoio de aliados diretos do então presidente Jair Bolsonaro. As ações ilegais teriam como objetivo antecipar movimentos de adversários políticos, controlar informações sensíveis e até intimidar críticos do governo.
Até o momento, nenhum dos 35 indiciados se pronunciou oficialmente sobre o caso. O indiciamento marca mais um desdobramento das investigações que atingem figuras centrais do governo Bolsonaro e aprofunda o cerco judicial em torno do ex-presidente e de seus aliados. O relatório final da PF será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, que deve decidir sobre a abertura de ação penal contra os envolvidos.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper