"Queria anunciar que estou fora do Brasil já faz alguns dias, eu vim a princípio buscando tratamento médico que eu já fazia aqui e agora eu vou pedir para que eu possa me afastar do cargo", declarou a deputada, sem revelar qual país europeu escolheu para se estabelecer.

Zambelli foi condenada no último dia 18 de maio pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sob a acusação de associação com o hacker Walter Delgatti Neto para a invasão de sistemas do CNJ, ação enquadrada como crimes contra o Estado Democrático de Direito. Seu passaporte chegou a ser apreendido em 2023, no decorrer das investigações, mas foi devolvido posteriormente. Até o momento, não há qualquer impedimento legal para que ela deixe o território brasileiro.

Durante a live, Zambelli negou estar abandonando o país. Segundo ela, a viagem faz parte de uma estratégia pessoal e política para “recuperar a saúde” e seguir denunciando o que classificou como um “regime de censura” no Brasil.

"Gostaria de deixar bem claro que não é um abandono do país, não é desistir da minha luta. É resistir. É poder continuar falando o que eu quero falar. É voltar a ser a Carla que eu era antes dessas amarras que essa ditadura nos impôs", afirmou.

Ao justificar o pedido de afastamento do mandato, Zambelli afirmou que adoecera por não poder se expressar livremente nos últimos meses, em meio às decisões do STF e à pressão jurídica sobre sua atuação parlamentar. O tratamento, segundo ela, não é à base de medicamentos, mas de liberdade de expressão.

"Meu tratamento não é médico, não é com medicamento. Eu tenho que começar a destravar o que eu sinto, a falar, porque essa sou eu de verdade. [...] Agora, tenho certeza, que estando aqui, vou conseguir ficar sã de novo e conseguir dar para o Brasil tudo que ele merece, que é a minha voz, as minhas opiniões, a minha verdade e a minha análise", relatou a deputada.

Zambelli também anunciou que pretende aproveitar sua estada na Europa para buscar apoio internacional. Ela prometeu denunciar em “todas as cortes possíveis” o que considera violações de direitos no Brasil e participar de congressos com parlamentares europeus.

"Eu vou levar isso para todos os países da Europa, vou denunciar em todas as cortes que a gente tiver para denunciar na Europa, vou viajar e participar de congressos com deputados de toda essa parte imensa do nosso mundo", afirmou.

A deputada mencionou ainda outros nomes ligados à direita brasileira que deixaram o país nos últimos anos. Segundo ela, a “América está bem coberta” com figuras como Eduardo Bolsonaro, o jornalista Luis Ernesto Lacombe e o blogueiro Allan dos Santos nos Estados Unidos, cabendo agora a ela atuar na frente europeia.

Zambelli concluiu a transmissão reafirmando seu compromisso com o que chama de luta pela liberdade de expressão e garantindo que não se calará mais diante das decisões da Justiça brasileira.

"Eu vou continuar dedicando a minha vida para que a gente possa voltar a ter democracia, justiça, cidadania no nosso país, mas, principalmente, liberdade, porque eu sei que quem está no Brasil hoje teme o tempo todo emitir as suas opiniões. Quero voltar a ser a Carla ativista, que conquistou milhões de pessoas", disse.

A defesa da parlamentar ainda não se manifestou oficialmente sobre o pedido de licença e nem sobre o eventual cumprimento da pena, caso sua condenação transite em julgado.

Com informações: Jornalista Fernando Kopper