O advogado Daniel Fernando Nardon foi preso nesta quinta-feira (15) em Dourados, no Mato Grosso do Sul, e transferido para o Rio Grande do Sul, onde responde por suspeita de envolvimento em um esquema de fraudes judiciais contra instituições financeiras. Ele chegou ao Palácio da Polícia, em Porto Alegre, por volta de 0h40min desta sexta-feira (16) e, ainda durante a madrugada, foi encaminhado ao Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp), no bairro Jardim Botânico.
A prisão foi autorizada pela juíza Mariana Francisco Ferreira, da 1ª Vara Regional de Garantias da capital gaúcha. De acordo com as investigações, Nardon fazia parte de um grupo que teria movimentado cerca de R$ 50 milhões e lesado mais de 10 mil pessoas em todo o país, principalmente aposentados e servidores públicos.
Segundo o delegado Vinicius Nahan, responsável pela investigação, Nardon foi localizado após diligências no Mato Grosso do Sul, quando seguia para Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, com a possível intenção de atravessar para o país vizinho, por meio da cidade de Juan Pedro Caballero. O advogado não resistiu à prisão e nega as acusações.
As investigações da 2ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre apontam que Nardon estava no litoral paulista no dia da operação que mirou o esquema, em 8 de maio. Depois, ele teria passado por Barra do Garças (MT), onde possui familiares, antes de seguir para o Mato Grosso do Sul. A prisão contou com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos local.
O esquema investigado envolvia a falsificação de procurações judiciais para contratar empréstimos bancários em nome das vítimas, sem o consentimento delas. Os clientes eram atraídos com a promessa de revisão de juros abusivos, mas, em vez de obter indenizações, acabavam sendo vítimas de novos empréstimos. Parte do dinheiro era desviada pelos advogados. Os clientes, em geral, eram captados por meio de associações de defesa do consumidor, uma delas supostamente coordenada pela irmã de Nardon.
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul e a Corregedoria-Geral da Justiça já orientaram os magistrados a suspenderem ações nas quais Nardon atuava, inclusive aquelas repassadas a outros advogados. Em um dos casos, uma única profissional recebeu 96 mil processos em seu nome. Novos cadastros de advogados só serão aceitos mediante apresentação de procuração com firma reconhecida ou validada pelo portal
gov.br.
Em nota conjunta, os escritórios Breier & Advogados e Marcos Eberhardt & Rafael Zottis Advogados, responsáveis pela defesa de Nardon, afirmaram que estão adotando todas as medidas jurídicas cabíveis para assegurar os direitos e garantias fundamentais do advogado.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper