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Preço da carne bovina dispara no Rio Grande do Sul e preocupa consumidores
Publicado em 22/04/2025 09:15
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Garantir o tradicional bife nas refeições diárias ou até mesmo fazer aquele churrasquinho no fim de semana ficou mais caro no Rio Grande do Sul. Após uma queda recente, a carne bovina, um dos principais itens da alimentação das famílias, voltou a pesar no bolso dos consumidores. Em um comparativo entre março deste ano e o mesmo período do ano passado, o aumento foi de 29,69%, de acordo com dados do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Entre os cortes que mais sofreram alta estão a carne moída de segunda, filé mignon, alcatra e maminha, com aumentos superiores a 30%. O coordenador do NESPro, professor Júlio Barcellos, explica que a elevação nos preços é consequência de uma combinação de fatores, como a mudança no ciclo pecuário, a redução nos abates de gado, o aumento da demanda, o avanço das exportações e os problemas climáticos que afetaram a criação de animais.
Barcellos também destaca que o aumento recente dos preços é, em parte, uma recomposição após a queda acentuada observada em 2023. "Se o consumo se mantém, não há por que reduzir o preço", afirma. Além disso, a oferta de gado no primeiro trimestre do ano diminuiu devido a uma seca no Sul e um atraso nas chuvas no Brasil Central, fatores que contribuem para a alta nos preços. Outro ponto mencionado é a valorização da arroba do boi gordo, com aumentos de até 43,6% em Pelotas, o que impacta diretamente no valor da carne nos mercados.
Especialistas apontam que os cortes mais baratos, como a carne moída de segunda, têm maior demanda, especialmente entre consumidores com menor poder aquisitivo. Já os produtos mais nobres, como o filé mignon, estão em processo de recomposição de preços, após uma queda no consumo.
A pesquisa realizada pelo NESPro abrange os principais mercados consumidores do Estado, com Porto Alegre se destacando como a cidade com maior participação nas vendas. No Mercado Público da capital, aposentados como Edgar Leal, 74 anos, têm notado a disparada nos preços. Leal, que costumava fazer churrascos semanalmente, agora diminuiu a frequência para duas vezes por mês, tentando driblar o alto custo com substituições, como carne suína e de frango, que também aumentaram, mas ainda são mais baratas que a carne bovina.
Outro consumidor, Oswaldo Silvino Filho, 71 anos, relatou que o preço de cortes mais baratos, como o garrão, dobrou em relação a meses atrás. "O garrão custava R$ 18, R$ 19, e agora chegou a R$ 38 o quilo", lamenta.
O cenário, segundo o professor Barcellos, não indica queda nos preços nos próximos meses. Ele projeta uma estabilidade no valor da carne, com um aumento adicional de 3% a 5% durante a entressafra, prevista para começar em junho. Dessa forma, a previsão é que, ao final do primeiro semestre de 2025, o aumento acumulado atinja de 6% a 7%, mantendo o preço da carne bovina pressionado no mercado gaúcho.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
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