O tradicional fogo de chão de São Sepé, na Região Central do Rio Grande do Sul, que manteve suas chamas acesas por mais de dois séculos e foi símbolo da cultura gaúcha, foi apagado no dia 8 de janeiro. A decisão de extinguir o fogo foi tomada pelos proprietários da Fazenda do Boqueirão, que prometeram preservar a história em torno da tradição, mantendo vivo o legado cultural que o fogo representava.
O fogo de chão, que chegou a alimentar a Chama Crioula durante a Semana Farroupilha, foi um dos maiores símbolos da resistência e da cultura gaucha. O motivo da extinção do fogo, conforme relato da família proprietária, foi a dificuldade crescente para conseguir lenha suficiente para manter a brasa acesa por tempo indeterminado.
Cláudia Pires Portella, filha de dona Gilda Pires, proprietária da estância, comentou sobre a decisão: “Foi muito dolorido e triste, mas minha neta aprendia sobre ecologia na escola, e via aquela lenha queimando 24 horas por dia. Não dava para continuar. Agora é bola para frente.” A família ponderou a decisão por dois anos, sempre com muito respeito à tradição, mas com consciência das mudanças ambientais.
Aos 82 anos, dona Gilda Pires, que segue morando na fazenda com sua filha Cláudia, a neta Luíza – que teve a honra de carregar a tocha olímpica em 2016 – e a bisneta Ana Bárbara, afirmou que a decisão foi tomada com muita cautela e reflexão.
O galpão onde o fogo de chão crepitava desde o início do século 19, no entanto, continuará de pé, e a família assegura que o local poderá ser visitado por quem desejar conhecer a história do icônico fogo de chão.
Em 2016, a família teve a oportunidade de viver um momento de grande emoção e orgulho, quando Luíza Pires, neta de dona Gilda, conduziu a tocha olímpica até o fogo de chão, marcando um encontro histórico entre a tradição gaúcha e o evento esportivo mundial.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte e foto: GZH