As enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul desde o ano passado deixaram um rastro de destruição, afetando pequenas comunidades e importantes atividades econômicas, como a apicultura. Uma grande operação envolvendo a iniciativa privada e o poder público estadual está sendo realizada para recuperar cerca de 45 mil colmeias perdidas nas inundações, que afetaram regiões como os vales do Taquari e do Caí.
As enchentes engoliram colmeias, que abrigavam aproximadamente 2,2 bilhões de abelhas, essenciais para a polinização e produção de mel. Estima-se que até 10% da produção estadual tenha sido comprometida, com perdas mais severas nos vales do Taquari e do Caí, onde muitos apicultores enfrentam dificuldades para retomar suas atividades.
A operação inclui a distribuição de caixas de abelhas doadas por produtores do Paraná e a criação de abelhas "princesas" em um centro de pesquisas em Taquari. Essas abelhas, após serem fecundadas, se tornam rainhas, responsáveis pela continuidade das colmeias. O processo de recuperação é complexo e deve levar de quatro a cinco anos para ser concluído, segundo a Federação Apícola do Estado (Fargs).
Produtores como Shirlei Dieter, de Lajeado, foram gravemente afetados. Em maio, a produtora perdeu 60 caixas de abelhas para a enxurrada. No entanto, graças à doação de caixas e à criação de abelhas princesas, ela já consegue retomar parte da produção, com a esperança de que os próximos anos tragam uma recuperação total. "Ainda é difícil, mas é um começo", comenta Shirlei, que agora colhe os primeiros quilos de mel desde o desastre.
O apoio também inclui a distribuição de até mil caixas de madeira, com foco nos pequenos apicultores. O projeto, que envolve a Fargs, a Secretaria da Agricultura e a Emater, tem como objetivo minimizar os danos e garantir que a apicultura se reestabeleça, preservando a sustentabilidade ambiental e a economia do setor.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper