O fechamento de rodoviárias tem se tornado uma realidade crescente no Rio Grande do Sul, expondo a crise no transporte intermunicipal. Em Rolante, no Vale do Paranhana, a estação rodoviária encerrou suas atividades, seguindo uma tendência que afeta dois terços das cidades gaúchas.
De acordo com o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), o número de bilhetes vendidos em rodoviárias despencou 66% nos últimos 10 anos, passando de 32,2 milhões em 2013 para 10,9 milhões em 2023. Atualmente, apenas 184 rodoviárias estão em funcionamento no estado, menos da metade do que já existiu.
A pandemia de covid-19 agravou uma crise que já era evidente, com mudanças nos hábitos dos usuários e a concorrência de aplicativos de carona. Além disso, a ausência de rodoviárias afeta diretamente cidades menores e até mesmo destinos turísticos como Arroio do Sal e Três Coroas, que enfrentam dificuldades para manter terminais operando.
Impactos e soluções discutidas
O Daer estuda uma reestruturação no modelo de concessão para reequilibrar o sistema econômico-financeiro, além de buscar alternativas para atrair novos passageiros. No entanto, a falta de interessados nas licitações para operar terminais é um entrave. Entre 2019 e 2021, 72 municípios não conseguiram concretizar concessões.
Enquanto isso, passageiros precisam lidar com a ausência de estrutura nos pontos de embarque e desembarque. Muitos dependem de vendas online ou compram bilhetes diretamente com os motoristas, mas a falta de um serviço centralizado dificulta informações e organização das viagens.
A diretora de Transportes Rodoviários do Daer, Luciana do Val Azevedo, afirma que a revisão do sistema exige tempo e planejamento. "Não é simplesmente colocar uma taxa em cima, porque quem vai pagar é o usuário. Precisamos readequar todo o sistema para retomar as linhas desativadas e atrair novamente os passageiros", explica.
A crise das rodoviárias evidencia a urgência de medidas que garantam acessibilidade e eficiência no transporte intermunicipal, especialmente para moradores de cidades que dependem desse serviço essencial.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper