A crescente onda de furtos de gado está trazendo preocupação e medo aos pecuaristas de Santana do Livramento, na fronteira entre o Brasil e o Uruguai. No início deste mês, um sistema de monitoramento via GPS flagrou o momento exato em que quatro homens armados, montados a cavalo, furtaram 20 cabeças de gado. A ocorrência evidencia o aumento da ação de quadrilhas especializadas na região.
Desde o ano passado, produtores locais relatam um aumento expressivo no número de furtos. Pelo menos 45 casos foram registrados, resultando na perda de cerca de 850 cabeças de gado e um prejuízo estimado em R$ 2,5 milhões. A localização das propriedades em uma área de fronteira seca facilita a movimentação ilegal tanto de animais quanto de pessoas, como explicou um dos pecuaristas afetados.
Diante da vulnerabilidade crescente, um grupo de produtores, entre os mais lesados pelas quadrilhas, criou uma rede de comunicação via WhatsApp para alertar sobre novas atividades criminosas. Um dos produtores, que já sofreu cinco ataques e perdeu 50 animais, investiu R$ 50 mil em um sistema de monitoramento por GPS, instalado em 100 cabeças de gado. O dispositivo, uma espécie de coleira com rastreamento em tempo real, foi crucial para identificar o furto mais recente.
Na ocasião, o sistema emitiu um alerta, e o produtor imediatamente informou o grupo de mensagens, enviando imagens que mostravam a movimentação dos animais furtados. A resposta foi rápida, com os demais pecuaristas se mobilizando para reagir à ação dos criminosos. “Devo demorar 45 minutos pra me posicionar”, informou um deles, enquanto outro avisava que já estava a caminho.
O confronto foi inevitável. Em um áudio enviado ao grupo, um dos pecuaristas relata ter sido alvo de disparos: “Na hora que eles me atiraram, eu atirei também”. Apesar da tensão, os ladrões acabaram abandonando o gado em um campo próximo. Imagens de câmeras de segurança, instaladas pelos produtores, mostraram os quatro homens conduzindo o gado roubado, um deles portando uma pistola na cintura.
As gravações serão utilizadas pela Delegacia de Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato, de Bagé, para identificar os autores. Segundo o delegado Guilherme Nunes, as ações das quadrilhas são facilitadas pela proximidade com o Uruguai, onde a fronteira não possui barreiras físicas significativas, permitindo a fácil movimentação entre os dois países. "É uma linha tênue que divide o país, o que traz dificuldade para ambas as polícias", comentou o delegado.
Para conter os furtos, os pecuaristas têm intensificado as medidas de segurança, recorrendo a câmeras de vigilância, drones com visão noturna e até equipes de vigilantes armados, protegidos por coletes à prova de balas e usando toucas ninja. A situação segue crítica, e os produtores estão cada vez mais temerosos com o risco de novos confrontos e perdas financeiras.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte: Giovani Grizotti, RBS TV