O Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) realizou, nesta quinta-feira (12), a análise de amostras da chamada "chuva preta" em Porto Alegre. A água coletada pela manhã apresentou uma concentração de partículas sólidas várias vezes superior ao normal, resultado da fumaça proveniente dos incêndios florestais, principalmente na Amazônia.
A "chuva preta" ocorre quando o corredor de fuligem gerado pelos incêndios percorre milhares de quilômetros e se mistura com as nuvens de chuva no Sul do Brasil. "A amostra da manhã tem uma coloração bem intensa, com presença de sólidos visíveis a olho nu, o que já indica um valor elevado de poluição. No entanto, na amostra da tarde, essa característica não foi observada", relatou Louidi Albornoz, técnico de laboratório do IPH.
A análise ainda é preliminar, e o resultado completo será divulgado na próxima semana. Durante a tarde, a água já estava visivelmente menos turva, indicando uma atmosfera mais limpa. "Se o fluxo de fumaça diminuir ou for interrompido, a qualidade do ar tende a melhorar. Caso continue e a chuva cesse, é esperado que a poluição do ar permaneça elevada", explicou Albornoz.
O Rio Grande do Sul segue com previsão de instabilidade nesta sexta-feira (13), com possibilidade de mais "chuva preta". Na Fronteira Oeste e na metade Sul, onde já foram registradas influências desse fenômeno, a chuva deve ser leve. Nas demais regiões, a intensidade pode variar, com rajadas de vento e descargas elétricas.
Em Santa Rosa, no Noroeste do estado, o repórter da RBS TV, Everson Dornelles, realizou um experimento capturando água da chuva em um recipiente e filtrando-a com um filtro de café, revelando um acúmulo de partículas de fuligem. O meteorologista Henrique Repinaldo, do Centro de Pesquisas Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), esclareceu que a contaminação vem da queima de biomassa, tornando essa água imprópria para consumo ou uso doméstico. "Embora não vejamos gotas pretas caindo do céu, as partículas de fuligem acumulam-se em superfícies e podem ser visíveis quando a água se assenta", explicou.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte: Cristiano Dalcin, RBS TV