Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam um aumento alarmante nas queimadas no Brasil em 2024. O país já registrou 159.411 focos de calor desde o início do ano, o que representa um crescimento de 100% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram contabilizados 79.315 focos.
Das queimadas deste ano, metade ocorreu na Amazônia e 32% no Cerrado, concentrando quase a totalidade dos incêndios no Brasil. A proporção de focos nesses biomas foi similar à registrada no ano anterior, quando 52% dos focos foram na Amazônia e 33% no Cerrado.
Os 159 mil focos registrados até 9 de setembro estão próximos do total de queimadas de todo o ano de 2023, que somou 189.901 focos. Os três estados com maior número de incêndios continuam sendo Mato Grosso, Pará e Amazonas, com a ordem apenas alterada em relação ao ano passado.
A situação é particularmente grave devido à persistente seca que afeta o país. A pesquisadora do Inpe, Luciana Gatti, afirmou que, apesar da seca não ser a principal causa das queimadas, a ação criminosa e o desmatamento são fatores cruciais. Gatti destacou que o governo deveria decretar estado de emergência climática e implementar medidas drásticas, como a proibição de desmatamento e projetos massivos de reflorestamento.
"De 2019 a 2022, perdemos 50 mil quilômetros quadrados de floresta na Amazônia. Mesmo com a redução do desmatamento, a recuperação é lenta e o fogo se torna cada vez mais incontrolável", afirmou Gatti durante a conferência "A Ciência de Clima e a Comunicação Social da Emergência Climática", realizada em Campinas (SP).
O impacto das queimadas também é sentido na poluição do ar. Segundo a IQAir, Porto Velho (RO), Rio Branco (AC) e São Paulo (SP) foram as cidades com os piores índices de qualidade do ar no domingo, 08/09, e Porto Velho e Rio Branco mantiveram as piores posições na segunda-feira (9). Esses altos níveis de poluição estão associados diretamente à degradação ambiental e às queimadas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou para Manaus (AM) na segunda-feira (9), antecipando sua visita para discutir a seca que afeta a região amazônica. Lula, acompanhado por ministros das áreas de Casa Civil, Defesa e Meio Ambiente, terá encontros com prefeitos e deve anunciar medidas emergenciais para combater a estiagem e apoiar os municípios afetados.
O cenário atual destaca a urgência de uma ação coordenada e eficaz para enfrentar a crise das queimadas e suas consequências devastadoras para o meio ambiente e a saúde pública.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper