Os dados mais recentes do Censo 2022, divulgados nesta sexta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que cerca de 196,2 mil brasileiros viviam em domicílios improvisados ou em abrigos no ano passado. Esse número representa aproximadamente 0,1% da população total do Brasil, estimada em 203,1 milhões de pessoas.
De acordo com o levantamento, 160.485 pessoas residiam em domicílios improvisados, que incluem edificações sem dependências destinadas exclusivamente à moradia, estruturas comerciais ou industriais (em funcionamento, degradadas ou inacabadas), calçadas, praças ou viadutos, além de abrigos naturais e estruturas móveis como veículos ou barracas. É importante notar que este número não inclui imóveis em favelas, habitações localizadas sobre ou atrás de estabelecimentos comerciais, nem domicílios construídos em taipa ou madeira em terrenos particulares.
O pesquisador do IBGE Bruno Perez esclarece que "não é todo domicílio precário que é classificado pelo IBGE como improvisado; apenas aqueles que não são entendidos como permanentes. É esperado que o morador não se mantenha naquele local. Isso tem uma implicação operacional para o IBGE, mas também é uma categoria útil para políticas públicas."
Entre os domicílios improvisados, uma parte significativa recorre a tendas, barracas de lona, plástico ou tecido, com 56,6 mil pessoas vivendo nessas condições, o que representa 35,3% do total. Outros tipos comuns incluem habitações em estabelecimentos comerciais em funcionamento (43.368 pessoas), estruturas não residenciais degradadas ou inacabadas (17.268), logradouros públicos sem o uso de tendas ou barracas (14.598), e veículos (1.875). Além disso, 26.776 pessoas viviam em outros tipos de domicílios improvisados.
A análise por gênero mostra que predominam os homens nos domicílios improvisados, com uma proporção variando de 54,3% nas estruturas improvisadas em logradouros públicos a 61,7% em veículos.
São Paulo lidera em todas as categorias de domicílios improvisados, com exceção dos veículos, onde o Amazonas ocupa a posição de destaque. No estado paulista, foram identificados 7 mil pessoas vivendo em estruturas improvisadas em logradouros públicos e outros 7 mil em estruturas não residenciais degradadas ou inacabadas. O Centro-Oeste destacou-se na categoria de tendas ou barracas de lona, plástico ou tecido, respondendo por 18,1% do total de pessoas nessas condições, apesar de representar apenas 8% da população brasileira.
Além das pessoas vivendo em domicílios improvisados, o IBGE também divulgou dados sobre a população em abrigos. Em 2022, 35.405 pessoas estavam em abrigos, seja por terem estado em situação de rua anteriormente ou por pertencerem a grupos vulneráveis, como imigrantes ou mulheres vítimas de violência doméstica. Dentre elas, 24.110 viviam em abrigos, casas de passagem ou repúblicas assistenciais para grupos vulneráveis, enquanto 11.295 estavam em abrigos, albergues ou casas de passagem voltadas para a população em situação de rua.
Os dados fornecidos pelo IBGE destacam a necessidade urgente de políticas públicas direcionadas a melhorar as condições de moradia e oferecer suporte adequado para os brasileiros que enfrentam essas situações precárias e vulneráveis.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte e foto: Agência Brasil