A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência das Famílias (PEIC-RS), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e divulgada pela Fecomércio-RS, registrou um aumento preocupante no endividamento das famílias gaúchas. Pela primeira vez em 2024, o percentual de endividados superou a marca dos 90%, atingindo 91,2% em julho. Os dados, coletados nos últimos dez dias de junho em Porto Alegre, mostram uma elevação em relação aos 89,2% da edição anterior, embora ainda inferior aos 96,3% registrados em julho de 2023.
Este é o segundo mês consecutivo em que o levantamento aponta um aumento no número de famílias endividadas, sinalizando uma piora no cenário econômico estadual. No início do ano, a PEIC-RS indicava uma possível recuperação, sustentada pelo bom desempenho do mercado de trabalho, estabilidade inflacionária e alívio nas taxas de juros. Contudo, os dados recentes sugerem uma mudança nesse panorama, com o comprometimento da renda das famílias com dívidas subindo de 24,6% em junho para 28,0% em julho.
Entre as famílias endividadas, o percentual das que se consideram "muito endividadas" saltou para 28,1%, contra 24,9% no mês anterior. Houve também um aumento nas dívidas relacionadas ao cartão de crédito, que agora atinge 64,0% dos endividados, e em carnês, com 37,1%. Além disso, o tempo médio de comprometimento com dívidas subiu para 6,5 meses.
O presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, destaca a necessidade de atenção aos próximos dados, alertando que o endividamento, embora muitas vezes inevitável, deve ser feito de forma consciente para evitar a inadimplência e seus impactos negativos no consumo futuro.
O percentual de famílias com contas em atraso também cresceu, passando de 34,2% em junho para 38,0% em julho, revertendo uma sequência de oito quedas consecutivas. O tempo médio de atraso nos pagamentos subiu para 31,8 dias, enquanto 3,3% das famílias declararam que não conseguirão quitar nenhuma parte das dívidas nos próximos 30 dias, um patamar que não era atingido desde outubro de 2021.
A manutenção desse percentual baixo tem sido crucial para mitigar os riscos de persistência da inadimplência, fundamental para a dinâmica do varejo no estado.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper