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Mosquito-pólvora transmissor da Febre Oropouche é identificado no Litoral Norte do RS
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Publicado em 17/07/2024

Uma nota do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), divulgada na terça-feira, 16 de julho, informa que a espécie do mosquito-pólvora que se proliferou no Litoral Norte do Rio Grande do Sul é do tipo transmissor da Febre Oropouche. Até o momento, o estado não possui casos confirmados da doença, que é causada por um vírus transmitido pelo inseto.

A espécie Culicoides paraensis foi identificada em amostras testadas pelo CEVS nas cidades de Mampituba e Três Forquilhas. Além disso, há registros desse mosquito em Dom Pedro de Alcântara, Itati, Maquiné e Terra de Areia. Aline Campos, chefe da Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde (DVAS) do CEVS, destacou que esses resultados são um alerta importante para o estado.

"Até então, não tínhamos registro da espécie, que é o principal vetor da Febre Oropouche, no Rio Grande do Sul. Isso acende um sinal de alerta, pois agora detectamos a presença. Queremos alertar a população e os serviços de saúde sobre a possível entrada desse vírus", afirmou Aline Campos.

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possui 7 mil casos positivos da doença, sendo a maioria na Região Norte. O governo emitiu uma nota técnica alertando para os riscos para gestantes, após a detecção de casos de microcefalia em quatro recém-nascidos cujas mães estavam infectadas.

Até o momento, os moradores das cidades gaúchas onde o inseto foi encontrado não apresentaram casos de febre, relatando apenas sintomas de pele, como coceira e formação de "bolinhas" vermelhas. No entanto, se o mosquito-pólvora estiver infectado, os sintomas da Febre Oropouche podem se manifestar.

A infectologista e virologista Cynara Carvalho Nunes explica que a Febre Oropouche é uma arbovirose causada pela picada de mosquitos, registrada no Brasil desde a década de 1960. A especialista afirma que, embora a doença seja mais comum no Norte e Nordeste do país, a ocorrência no Sul não pode ser descartada.

"É como a dengue. Primeiro chega o mosquito, e depois a doença se manifesta", comenta Cynara Carvalho Nunes.

A Febre Oropouche tem dois ciclos de transmissão:

  • Ciclo silvestre: Animais como bichos-preguiças e macacos são os hospedeiros, enquanto mosquitos transmitem o vírus.
  • Ciclo urbano: Humanos são os hospedeiros do vírus, enquanto mosquitos atuam como o vetor principal.

O vírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV) é mantido no sangue desses animais após eles picarem uma pessoa ou outro animal infectado. A transmissão não ocorre entre seres humanos.

A população pode adotar medidas preventivas contra o mosquito, como usar roupas compridas e repelentes.

Sintomas

A Febre Oropouche apresenta sintomas similares aos da dengue e chikungunya, incluindo:

  • Dor de cabeça
  • Dor muscular
  • Dor nas articulações
  • Náusea
  • Diarreia
  • Febre
  • Vômitos

Devido à semelhança com outras doenças, o diagnóstico clínico pode ser complicado. Uma das complicações, embora incomum, é a encefalite (inflamação no cérebro).

Diagnóstico Diferencial

A única forma de diferenciar a Febre Oropouche da dengue é através de exames laboratoriais, como o PCR, explica Cynara Carvalho Nunes. "Para diagnosticar a dengue, usamos testes rápidos. A Oropouche não possui um exame desse tipo. É necessário coletar sangue e enviar para laboratórios especializados", conclui.

Com informações: Jornalista Fernando Kopper

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