Uma nota do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), divulgada na terça-feira, 16 de julho, informa que a espécie do mosquito-pólvora que se proliferou no Litoral Norte do Rio Grande do Sul é do tipo transmissor da Febre Oropouche. Até o momento, o estado não possui casos confirmados da doença, que é causada por um vírus transmitido pelo inseto.
A espécie Culicoides paraensis foi identificada em amostras testadas pelo CEVS nas cidades de Mampituba e Três Forquilhas. Além disso, há registros desse mosquito em Dom Pedro de Alcântara, Itati, Maquiné e Terra de Areia. Aline Campos, chefe da Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde (DVAS) do CEVS, destacou que esses resultados são um alerta importante para o estado.
"Até então, não tínhamos registro da espécie, que é o principal vetor da Febre Oropouche, no Rio Grande do Sul. Isso acende um sinal de alerta, pois agora detectamos a presença. Queremos alertar a população e os serviços de saúde sobre a possível entrada desse vírus", afirmou Aline Campos.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possui 7 mil casos positivos da doença, sendo a maioria na Região Norte. O governo emitiu uma nota técnica alertando para os riscos para gestantes, após a detecção de casos de microcefalia em quatro recém-nascidos cujas mães estavam infectadas.
Até o momento, os moradores das cidades gaúchas onde o inseto foi encontrado não apresentaram casos de febre, relatando apenas sintomas de pele, como coceira e formação de "bolinhas" vermelhas. No entanto, se o mosquito-pólvora estiver infectado, os sintomas da Febre Oropouche podem se manifestar.
A infectologista e virologista Cynara Carvalho Nunes explica que a Febre Oropouche é uma arbovirose causada pela picada de mosquitos, registrada no Brasil desde a década de 1960. A especialista afirma que, embora a doença seja mais comum no Norte e Nordeste do país, a ocorrência no Sul não pode ser descartada.
"É como a dengue. Primeiro chega o mosquito, e depois a doença se manifesta", comenta Cynara Carvalho Nunes.
A Febre Oropouche tem dois ciclos de transmissão:
- Ciclo silvestre: Animais como bichos-preguiças e macacos são os hospedeiros, enquanto mosquitos transmitem o vírus.
- Ciclo urbano: Humanos são os hospedeiros do vírus, enquanto mosquitos atuam como o vetor principal.
O vírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV) é mantido no sangue desses animais após eles picarem uma pessoa ou outro animal infectado. A transmissão não ocorre entre seres humanos.
A população pode adotar medidas preventivas contra o mosquito, como usar roupas compridas e repelentes.
Sintomas
A Febre Oropouche apresenta sintomas similares aos da dengue e chikungunya, incluindo:
- Dor de cabeça
- Dor muscular
- Dor nas articulações
- Náusea
- Diarreia
- Febre
- Vômitos
Devido à semelhança com outras doenças, o diagnóstico clínico pode ser complicado. Uma das complicações, embora incomum, é a encefalite (inflamação no cérebro).
Diagnóstico Diferencial
A única forma de diferenciar a Febre Oropouche da dengue é através de exames laboratoriais, como o PCR, explica Cynara Carvalho Nunes. "Para diagnosticar a dengue, usamos testes rápidos. A Oropouche não possui um exame desse tipo. É necessário coletar sangue e enviar para laboratórios especializados", conclui.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper