O recente acréscimo do teste de papilomavírus humano (HPV) baseado na detecção do DNA viral ao Sistema Único de Saúde (SUS) está sendo celebrado como um avanço crucial na prevenção e tratamento do câncer de colo de útero no Brasil. A tecnologia de PCR, conhecida como teste de genotipagem, permite identificar precocemente os tipos de HPV responsáveis por infecções persistentes associadas ao desenvolvimento do câncer cervical.
Um estudo recente revelou que o teste de DNA-HPV conseguiu diagnosticar a doença em estágios muito mais iniciais, em média 10 anos antes do que o rastreamento convencional com papanicolau. Das mulheres testadas, a maioria detectada com câncer tinha em média 39,6 anos e 67% dos casos estavam em estágio inicial, comparado a uma média de 49,3 anos e apenas um caso inicial detectado pelo método tradicional.
Quando o teste de genotipagem identifica os tipos 16 e 18 do HPV, responsáveis por 70% dos casos de câncer cervical, a paciente é encaminhada para a colposcopia, permitindo um tratamento precoce e curativo das lesões iniciais, potencialmente evitando o desenvolvimento completo da doença.
Após a aprovação do teste pelo SUS em março deste ano, o Governo Federal tem 180 dias para implementar a tecnologia em todo o país, seguindo a Diretriz Nacional para o Rastreamento do Câncer de Colo de Útero desenvolvida pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA).
No entanto, persiste o debate sobre a utilização da genotipagem estendida ou parcial. A Febrasgo recomenda a genotipagem parcial, que foca nos genótipos mais associados a lesões graves, como o 16 e 18, facilitando decisões médicas mais rápidas e precisas. Países como Chile, Argentina, México e Austrália já adotam esse método com sucesso, reduzindo significativamente os casos e as mortes por câncer cervical.
Em um país de dimensões continentais como o Brasil, a simplificação do diagnóstico e o foco na genotipagem parcial são essenciais para garantir eficiência e rápida detecção da doença, potencialmente salvando mais vidas. A meta é clara: eliminar mortes por câncer de colo de útero e proporcionar uma saúde mais acessível e eficaz para todas as mulheres.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper