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A História da Festa de Corpus Christi: De revelações a uma celebração global
RELIGIÃO
Publicado em 29/05/2024

A cada quinta-feira, após a oitava de Pentecostes, a Igreja celebra a festa de Corpus Christi, uma tradição com raízes profundas e uma história rica. Originalmente, a Eucaristia fora da Missa era administrada apenas para os doentes, sem registros de culto ao Santíssimo Sacramento no primeiro milênio. A transformação dessa prática começou no segundo milênio, centrada na Abadia de Cornillon, em Liège, Bélgica.

Fundada em 1124 pelo Bispo Albero, a Abadia de Cornillon se tornou um importante centro eucarístico. A exposição e bênção do Santíssimo Sacramento e o uso dos sinos durante sua elevação na Missa foram introduzidos, preparando o caminho para a festa de Corpus Christi.

A origem da festa está ligada a Santa Juliana de Cornillon. Nascida em 1191 nos arredores de Liège, Juliana foi criada pelas monjas agostinianas do convento-leprosário de Mont Cornillon após ficar órfã aos cinco anos. Desenvolvendo um profundo amor pela Eucaristia, Juliana teve uma visão aos 16 anos: uma lua em esplendor com uma faixa escura, simbolizando a ausência de uma festa litúrgica dedicada à Eucaristia.

Por cerca de 20 anos, Juliana guardou essa revelação, até compartilhá-la com Eva e Isabel, fervorosas adoradoras da Eucaristia. Elas levaram a visão ao Bispo de Liège, Dom Roberto de Thorete, e a Jacques Pantaleón, futuro Papa Urbano IV. Em 1246, Dom Roberto instituiu a solenidade do Corpus Christi em sua diocese, na paróquia de Sainte Martin. A celebração se espalhou para outras dioceses, tornando-se uma festa nacional na Bélgica.

Um evento crucial para a expansão da festa foi o Milagre de Bolsena, em 1264. Um padre da Boêmia, ao celebrar a Missa em Bolsena, Itália, viu sangue escorrer da Hóstia Consagrada, confirmando sua fé na transubstanciação. O Papa Urbano IV, informado do milagre, enviou o Bispo Giacomo para verificar o ocorrido. A relíquia ensanguentada foi levada em procissão a Orvieto, onde Urbano IV promulgou a bula "Transiturus de hoc mundo", estendendo a celebração de Corpus Christi a toda a Igreja.

A morte de Urbano IV em 1264 retardou a difusão da festa, mas ela foi revitalizada pelo Papa Clemente V no Concílio de Viena em 1311 e, posteriormente, pelo Papa João XXII em 1317. Santa Juliana de Mont Cornillon, que morreu em 1258 sem ver a procissão mundial, foi canonizada em 1599 pelo Papa Clemente VIII, seu legado perdurando através da devoção eucarística global.

Assim, a festa de Corpus Christi evoluiu de uma celebração local em Liège para uma solenidade global, refletindo a fé e a veneração dos fiéis ao Santíssimo Sacramento. Hoje, a festa é celebrada em todo o mundo, destacando a importância da Eucaristia na vida da Igreja, uma tradição que começou séculos atrás em uma pequena abadia na Bélgica.

Com informações: Jornalista Fernando Kopper

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