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Crise Sem Precedentes: Hospitais privados com R$ 2,3 bilhões retidos por operadoras de saúde
11/09/2023 14:15 em SAÚDE

Antônio Britto, diretor-executivo da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), classificou a situação como sem precedentes após a entidade realizar um levantamento na última semana. Os resultados apontam que 48 hospitais têm aproximadamente R$ 2,3 bilhões retidos em pagamentos por serviços já prestados a operadoras de saúde.

Esse montante abrange uma ampla gama de procedimentos, desde atendimento de emergência até internações e exames, realizados por pacientes com convênio médico. “A conta de todos os serviços prestados no hospital é enviada para a operadora”, ressalta Britto.

No entanto, diante das dificuldades enfrentadas pelas operadoras, a Anahp observa que estas passaram a impor obstáculos ao processo de pagamento.

De acordo com a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), as operadoras registraram um prejuízo operacional de R$ 10,7 bilhões em 2022, o pior resultado desde o início da série histórica em 2001. De janeiro a junho de 2023, o déficit já alcança R$ 4,3 bilhões, e a estimativa é que até o final do ano esse valor atinja novamente a marca dos R$ 10 bilhões.

A Anahp destaca que as operadoras definiram um único dia para o envio das faturas referentes a um mês inteiro, o que complica o processo de pagamento. Além disso, estabeleceram um limite mensal para os pagamentos, independente da quantidade de atendimentos realizados. Mesmo procedimentos autorizados previamente estão sendo questionados posteriormente.

Britto salienta que as operadoras têm o direito de recorrer à glosa, que é a análise de uma conta contestada. No entanto, esse índice quase triplicou, passando de 3,5% para 9%. “O espírito da glosa é permitir a discussão daquilo que é discutível. Não é um instrumento para arrumar o caixa das operadoras às custas dos hospitais”, enfatiza.

O prazo para os hospitais receberem pelos atendimentos prestados quase dobrou, o que gera uma dificuldade considerável, já que nenhum hospital possui caixa suficiente para aguardar o pagamento 50, 70 dias depois.

Embora a Anahp tenha ouvido 48 instituições, a entidade representa um total de 120, e o Brasil conta com mais de 3.500 hospitais privados. “Todo hospital que presta serviço aos planos de saúde está na mesma situação”, alerta Britto.

A crise financeira sem precedentes no setor de saúde é um dos motivos que levou as operadoras a reforçar os filtros diante das cobranças recebidas. “O cenário é de falta de recursos na ponta. O que estamos cobrando de mensalidade não está pagando as despesas médicas. Então, precisamos avaliar se a despesa médica está de fato coerente”, defende Marcos Novais, superintendente executivo da Abramge.

Ambos os representantes concordam que o diálogo é essencial para encontrar soluções para a crise enfrentada pelo setor. “Esse é um problema que não vai se resolver isoladamente, ou seja, com as operadoras transferindo o problema para os hospitais. Precisamos encontrar uma saída para o setor como um todo”, conclui Britto. “As pessoas que são antigas e experientes na área dizem que nunca viram nada nem perto desses valores”, acrescenta.

Fonte: Correio do Povo

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