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Pesquisadora gaúcha é a primeira brasileira a vencer prêmio internacional de astronomia
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Publicado em 02/06/2023

A astrônoma Marina Bianchin, 28 anos, foi uma das vencedoras de um programa de bolsas da Fundação Gruber e da União Astronômica Internacional (UAI). O prêmio é concedido a astrofísicos “extremamente promissores” em início de carreira; o anúncio foi feito na segunda-feira (29).

Além de Marina, outros dois pesquisadores receberam a honraria: Pooneh Nazari, do Irã, e Mohit Bhardwaj, da Índia. Cada um ganhou US$ 25 mil dólares (cerca de R$ 125 mil) para financiamento de viagens para estudo, pesquisas e publicação de artigos científicos.

 

Natural de Marau, no norte do Estado, Marina foi a primeira brasileira a vencer o prêmio, que é concedido desde 2000. Concorrem às bolsas pesquisadores nos primeiros anos após a finalização do doutorado e que têm vaga de pós-doutorado garantida em outro país.

Além disso, a comissão julgadora do prêmio escolhe os vencedores após análise do currículo, de um projeto de pesquisa e de cartas de recomendação de pesquisadores reconhecidos da área.

A vencedora concluiu o doutorado em 2022 na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), onde também foi estudante da graduação e do mestrado em Física.

— Ter recebido esse prêmio é importante para mostrar que a universidade pública no Brasil consegue fazer pesquisa de qualidade mesmo com todos os cortes no orçamento. É uma prova que conseguimos competir com pessoas do mundo inteiro — diz a jovem.

Após concluir os estudos na UFSM, a pesquisadora obteve uma bolsa de pós-doutorado na Universidade da Califórnia em Irvine, nos Estados Unidos, onde deve ficar até 2024. A gaúcha estuda fluxos de gás molecular com o telescópio espacial James Webb e o telescópio Keck, localizado no Havaí. O foco é pesquisar galáxias que não sejam a Via Láctea, onde está a Terra.

— A ideia é estudar nuvens de gás molecular que podem ser ejetadas da região próxima de buracos negros que estão no centro das galáxias. A localização e velocidade dessas nuvens podem influenciar na formação de novas estrelas e na evolução das galáxias — resume a pesquisadora.

A gaúcha conta que não planejava se dedicar à astronomia no início dos estudos na faculdade de Física: não queria ser astronauta ou estudar o espaço desde criança, justificativas comuns de colegas que atuam na área. O interesse na pesquisa espacial se desenvolveu na graduação e no contatos com os participantes do Grupo de Astrofísica da UFSM:

— É uma área interessante e desafiadora, que tenta entender nosso lugar no universo. Saímos do contexto micro, a Terra. A astronomia dá um senso de humildade, porque vemos que somos pequenos, que há coisas maiores em termos de escala e distância.

A Fundação Gruber é uma instituição filantrópica com base na Universidade Yale, nos Estados Unidos. A organização oferece outros prêmios a pesquisadores que demostram “excelência educacional” nas áreas de Cosmologia, Genética, Neurociência, Justiça e Direitos das Mulheres. A IAU, fundada em 1919, é a principal organização astronômica internacional e reúne mais de 12 mil astrônomos profissionais ativos de mais de cem países.

Marina Bianchin, 28 anos, é doutora em Física pela UFSM Marina Bianchin / Arquivo Pessoal

FONTE: GZH

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