“A gente sempre procurou deixar claro para ele que o nanismo é um pedaço, é uma característica da vida dele, não é o todo. Ele é o Bernardo teimoso, inteligente, esperto, que gosta disso e daquilo e tem nanismo”, afirma Flávia.
O livro, intitulado “Nosso Amigo com Nanismo”, conta a história do primeiro dia de aula na Escola Limoeiro, quando Mônica, Cebolinha, Magali e outros personagens encontram Bernardo na entrada da sala de aula. Todos se surpreendem com sua baixa estatura, acreditam que ele é um aluno mais novo, mas, a partir do relato dele sobre as dificuldades das pessoas com nanismo, começam a entender a importância de serem receptivos e tornar a sociedade mais inclusiva.
O lançamento da publicação está previsto para o dia 25, para marcar o Dia Nacional do Combate ao Preconceito às Pessoas com Nanismo.
“A inclusão e a representatividade fazem parte do dia a dia da Turma da Mônica e é muito bom saber que conseguimos, cada vez mais, retratar tantas crianças ao redor do mundo. Temos certeza de que essa história e esse personagem vão contribuir para melhorar a vida das pessoas com nanismo”, diz o desenhista Mauricio de Sousa, criador dos traços originais da turma.
Na vida real, Bernardo precisou de alguns ajustes, principalmente em relação à altura dos móveis, para ser integrado ao colégio. O nanismo afeta o crescimento dos ossos, que resulta em características mais comuns a baixa estatura e pernas e braços encurtados e desproporcionais ao tamanho da cabeça e ao comprimento do tronco.
Flávia conta que o diagnóstico da acondroplasia, na fase final da gravidez, gerou incertezas até o primeiro ano de idade do menino. Foi somente após uma consulta ao médico geneticista Wagner Baratela — que tem nanismo —, em São Paulo, que as dúvidas se dissiparam.
“Ele [Bernardo] tem muitos amigos, tem uma vida, digamos, normal, mas é óbvio que tem pessoas que vão olhar e apontar. Já passamos por alguma coisas. O mais importante que a gente teve que aprender é o fortalecimento dentro de casa, para que ele possa ir para a rua e conseguir superar essas coisas”, assegura.
Entre elas, Flávia cita as pessoas que fitam Bernardo ora com um olhar comiserado, ora com zombaria. Ela entende que não é algo comum e fácil de encarar pela singularidade do caso. Ao mesmo tempo, pede que a condição seja encarada com respeito e acolhimento.
“A gente tá falando de uma alteração genética rara. É uma para 25 mil nascidos. Não costuma-se ver essas pessoas na rua, na televisão, ou, quando vê, estão trabalhando com humor. Mas é sendo motivo de chacota e de risada que as pessoas do lado de cá continuam sofrendo olhares, apontamentos”, critica.
O livro é um dos meios para tentar desestigmatizar isso. Ele será lançado pela editora Culturama, licenciada da Turma da Mônica desde 2017, no formato 20×27 cm. São 32 páginas ilustradas com capa em papel cartão e miolo em couchê.
Diretor-presidente da Culturama e pai de Bernardo, Fabio Hoffmann acredita que este projeto é fundamental para que cada vez mais pessoas saibam o que é o nanismo.
“Esse livro é muito especial para a Culturama porque certamente vai ajudar muitas pessoas. Não há nada mais gratificante do que publicar um livro em prol de uma causa tão importante e saber que isso vai fazer a diferença na vida de muita gente”, acredita Fabio.
- O quê? “Nosso amigo com nanismo”, da editora Culturama
- Quando? O lançamento está marcado para o dia 25 de outubro, às 19h
- Onde? Na Livraria Cultura – Conjunto Nacional, localizada na Avenida Paulista, 2073, em São Paulo
Foto: Arquivo Pessoal
FONTE: G1