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16% dos adolescentes brasileiros entre 13 e 17 anos já experimentaram o cigarro eletrônico
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Publicado em 27/09/2022

A proibição do cigarro eletrônico no Brasil não impede que ele seja facilmente encontrado em lojas e na internet, movimentando um mercado milionário. Segundo pesquisa realizada pelo Ipec Inteligência de 2021, no Brasil, há mais de 2 milhões de consumidores do produto. O dispositivo também é bem popular entre os jovens. De acordo com pesquisa recente do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel), realizada pela Vital Strategies e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), um em cada cinco jovens no Brasil, na faixa de 18 a 24 anos de idade, usa o cigarro eletrônico.

Um estudo realizado pela Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2019, aponta que 16,8% dos adolescentes entre 13 e 17 anos já experimentaram o dispositivo — que são produtos voltados exclusivamente para adultos maiores de 18 anos.

Os cigarros eletrônicos, ou vapes, funcionam por meio de uma bateria que aquece um líquido interno, composto por água, aromatizante, nicotina, propilenoglicol e glicerina. Em vez de queimar por combustão, ocorre a vaporização.

“São produtos que trazem como característica um forte apelo visual, com cores, design, diferentes combinações e aditivos que imprimem sabores que vão ao encontro dos gostos e preferências de adolescentes e jovens. A indústria do tabaco sabe que os jovens gostam de objetos que estão na moda e que estão sempre em busca de novidades e tem produzido produtos para este público”, afirma a chefe da Divisão de Controle do Tabagismo do Instituto Nacional de Câncer (Inca), Andréa Reis Cardoso.

Veto

O Brasil faz parte de um grupo de 32 nações que vetam o comércio do produto, a exemplo da Índia, México e Argentina. Outras 79 — como Estados Unidos, Reino Unido e Canadá – liberaram com maior ou menor grau de restrição, conforme relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Nos países que liberaram, como o Reino Unido, veem redução de danos na comparação com o cigarro tradicional. Estudo de 2015 divulgado pela agência do serviço de saúde britânica, a PHE, indicou que cigarros eletrônicos são 95% menos prejudiciais do que o tabaco — os dados, usados como argumento pela liberação, foram contestados depois por parte dos cientistas, por suposto conflito de interesses.

“É importante destacar que os cigarros eletrônicos possuem nicotina, o que causa dependência da mesma forma que o cigarro tradicional. Os fabricantes alegam que se trata de produtos com menor risco, entretanto, a análise das evidências não demonstrou tal alegação. Mesmo em países onde esses produtos são autorizados, os fabricantes não podem dizer que haja redução de risco ou dano associado aos dispositivos eletrônicos para fumar, uma vez que não existe evidência científica para suportar essa afirmação”, diz a Anvisa.

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) também contesta essa afirmação: “Foram identificados vários riscos dos cigarros eletrônicos. A grande maioria contém nicotina, que é a substância que causa dependência. A maioria dos usuários continua fumando e seus efeitos a longo prazo são desconhecidos.

Em 2021, estudo de cientistas da Universidade Johns Hopkins (EUA), publicado na revista Chemical Research in Toxicology, encontrou quase 2 mil substâncias em cigarros eletrônicos, a maioria não identificadas. Entre os reconhecidos, seis eram potencialmente prejudiciais. Foram analisadas quatro marcas populares, com sabor de tabaco e chamou a atenção do grupo a detecção de cafeína em duas delas — o que já havia sido encontrado antes, mas só em cigarros com sabor de café ou chocolate.

A alta concentração de nicotina em certos dispositivos (a vaporização de um pen-drive, por exemplo, equivale a um maço) também torna a experiência altamente viciante. Por norma, o cigarro convencional pode ter até um grama de nicotina, que é a substância que vicia, enquanto os cigarros eletrônicos chegam a ter até sete gramas por unidade.

A BAT Brasil defende que a regulamentação vai oferecer um uso mais seguro e mais controle sobre a produção e comercialização do dispositivo. “A regulamentação pela Anvisa deverá obrigatoriamente determinar que tipo de produto pode ser vendido, incluindo sua composição, limites máximos de cada substância (como a nicotina) e embalagens, entre vários outros aspectos. (…) O produto tem o potencial de oferecer menor risco ao consumidor adulto fumante que não deseja parar de fumar, conforme afirmam as autoridades sanitárias do Reino Unido — que recomendam o produto aos fumantes como alternativa de menor risco ao hábito de fumar”, argumenta o Gerente Sênior de Assuntos Científicos e Regulatórios da empresa.

Foto:Reprodução

Por Redação O Sul 
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