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Alfabetização ambiental é defendida no Cidade Bem Tratada
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Publicado em 19/11/2021

No Seminário Cidade Bem Tratada, realizado nesta quarta-feira (17/11) de forma online, a alfabetização ambiental foi defendida pelos painelistas que participaram do Painel A Cidade e sua Relação com a Natureza: Simbiose necessária para a sustentabilidade e diante as mudanças climáticas (https://www.youtube.com/watch?v=dHkUu7ZGVZs). “Diante do desmonte das legislações ambientais é preciso, para termos sustentabilidade, colocar em prática instrumentos de proteção e valorização do meio ambiente”, avalia o coordenador do Seminário, o advogado e ambientalista Beto Moesch.

“Precisamos ter uma visão holística e sistêmica para regenerar nossos habitats e garantir uma sociedade mais sadia e inclusiva”, ressaltou Cecilia Herzog, paisagista urbana e especialista em Preservação Ambiental das Cidades. Segundo ela, é preciso priorizar o transporte limpo e ativo, como bicicleta e caminhadas individuais, a produção orgânica e o consumo desses alimentos, a redução da emissão de gases e resíduos e promover uma maior conscientização ecológica, “para entendermos que fazemos parte de um sistema vivo e que é preciso reduzir o desperdício e o descarte, pois não existe jogar fora”, salientou a painelista.

Esse grave problema de desconexão das pessoas com a natureza foi questionado pelos painelistas, que criticaram os impactos das mais variadas ações humanas, que pressionam os limites do Planeta, fazendo com que mais de 60% das espécies tenham sido extintas nos últimos 60 anos. Além disso, nos últimos 30 anos o Brasil perdeu 15% de toda sua água doce superficial.

 

CIDADES INTELIGENTES

Mediado pelo biólogo e diretor executivo da Ecossis Soluções Ambientais, Gustavo Leite, o debate reuniu também o mestre em Economia Política Internacional, Adalberto Maluf, que preside a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE). Ele defendeu a urgente substituição de fontes de energia de origem fóssil, ou seja, a descarbonização do transporte público.

“Eletromobilidade, energias renováveis, transporte. Está na hora de subsidiar tecnologia para descarbonizar o transporte. Temos que investir de forma integrada, capacitar mão-de-obra e gerar empregos, garantido cidades mais sustentáveis, inteligentes e prósperas, que atraiam os jovens talentos empreendedores”, avalia Maluf. Ele acrescenta, ainda, que o veículo elétrico é elemento importante das novas tecnologias, pois favorece a logística urbana na redução dos ruídos e emissões, e garante qualidade ao ar e menos custos com a saúde pública, considerando que o SUS gasta mais de R$ 1 bi por ano para atender doenças cardiorrespiratórias veiculares.

 

CONSERVAÇÃO

A bióloga da Secretaria de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade da Prefeitura de Porto Alegre, Maria Carmen Bastos, falou sobre Unidades de Conservação (UCs) urbanas, citando a experiência de Criação do Refúgio de Vida Silvestre São Pedro, localizado na zona sul da capital gaúcha, e que conta com 298 nascentes. Ela ressaltou que “os três níveis de administração têm o dever de definir unidades de conservação e áreas protegidas”. No Brasil, são 432 UCs municipais cadastradas. Outra curiosidade apresentada pela bióloga é que a primeira reserva biológica criada no Brasil, em 1975, foi a Reserva do Lami José Lutzenberger, também em Porto Alegre.

A UC São Pedro foi criada através do Decreto número 18.818, de outubro de 2014, com 157 hectares. O mesmo decreto criou o Conselho da Unidade e o Plano de Manejo, com a contribuição e vários especialistas, concluído em 2017 e que abrangeu toda a zona sul de Porto Alegre, “algo muito especial”, avalia Maria Carmen, ao citar as centenas de espécies vegetais e da fauna nativa, algumas ameaçadas, endêmicas e em risco de extinção, que justificam a conservação da área.

 

MELHORES PRÁTICAS AGRÍCOLAS

É também do Rio Grande do Sul a experiência de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) apresentada por Marcelo Luís Kronbauer, engenheiro ambiental, mestre e consultor em tecnologias ambientais e professor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), através da qual coordena o projeto de PSA no município de Vera Cruz, envolvendo 62 pequenos agricultores, Prefeitura, empresas e instituições privadas e mais recentemente a Corsan. “Através do planejamento buscamos a preservação ambiental, recuperando os mananciais hídricos, no caso o Arroio Andreas, que possui 81 nascentes, promovendo a recarga do aquífero Guarani, a manutenção dos solos a partir da melhor infiltração em caso de chuvas e inundações, e a filtragem de sedimentos, que garantem melhor qualidade da água para abastecimento, registrando inclusive a presença de peixes”, anunciou.

O projeto inovador foi credenciado como produtor de água junto à Agência Nacional de Água (ANA), para que os produtores de tabaco, milho e cana de açúcar recebessem isenção da tarifa de água, entre outros benefícios. Hoje, o projeto de PSA financia R$ 325,00 por hectare. “Identificamos as áreas a serem protegidas e as cercamos, permitindo a regeneração natural da área."

Para enfrentar os desafios, os participantes do Painel I defendem a natureza como solução ou inspiração, “porque nos oferece serviços ecossistêmicos de graça”, ressaltou Cecilia, ao citar a melhoria da qualidade da água e do ar, a redução de ruídos e das ilhas de calor, produz Oxigênio (O2) e captura Gás Carbônico (CO2), previne erosão e perda do solo, entre outros. “É preciso ter visão sistêmica para ter uma cidade regenerativa, ser mais justa e dividir as riquezas e fazer políticas públicas estratégicas e de estado para longo prazo”, defende Cecilia, ao citar, entre os vários estudos de caso no Brasil, a iniciativa de Curitiba, que tem o programa Viva Barigui, rio que corta a cidade, com diversos parques que ajudam, por exemplo, a infiltração da água da chuva.

Ao final do painel, foi unânime a defesa de ações individuais, cuidar do ambiente como cuidar de si próprio, reduzir a pegada ecológica e os reúsos dos recursos e agir em associação com outras pessoas, implantando hortas orgânicas urbanas, ou seja, “melhorar nossas cidades, tratar bem para sermos bem tratados”, observou Maria Carmen, ao defender reunir todos os segmentos da sociedade e traçar uma agenda comum.

 

 

Assessoria de Comunicação do Cidade Bem Tratada

Jornalistas Adriane Bertoglio Rodrigues e Wesley Andriel

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