A cultura do trigo está em entressafra no Rio Grande do Sul. Na Regional da Emater/RS-Ascar de Ijuí, com a aproximação do final da colheita da soja, os produtores se mobilizam para dar prosseguimento ao planejamento da cultura do trigo. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado na quinta-feira (22/04) pela Emater/RS-Ascar, conveniada à Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), a aquisição de insumos e sementes e o encaminhamento de custeios de lavouras estão em ritmo acelerado, principalmente os projetos técnicos para garantir recursos para a safra.
Na Regional de Santa Rosa, além do encaminhamento de projetos de custeio e a aquisição de semente, é trabalhada a correção da fertilidade e acidez do solo, com aplicação de calcários e corretivos, antes de iniciar o plantio das culturas de inverno. Os custos de produção estão elevados, principalmente em função do preço da semente e da adubação, que sofreram consideráveis aumentos. Por um lado, os produtores consideram positivo o fato de o trigo apresentar preço elevado, o que poderá favorecer a expansão da cultura. Por outro, eles ainda estão pesando custos e riscos da implantação das lavouras.
SOJA E MILHO
Enquanto planejam a safra do trigo, os produtores gaúchos seguem com a colheita da soja, beneficiados pelo clima favorável, chegando aos 61% de área colhida, com 32% em maturação e 7% em enchimento de grãos. Em muitas propriedades pequenas, a colheita já foi finalizada, com bons resultados.
Na Regional da Emater/RS-Ascar de Bagé, a colheita de lavouras avançou e ultrapassa os 50% da área cultivada. Houve dias em que as precipitações paralisaram a operação, reiniciada assim que as áreas de melhor drenagem apresentaram condições, a fim de aproveitar o alto potencial produtivo e a alta valorização da oleaginosa. As produtividades continuam muito satisfatórias, superando a expectativa inicial na região de Ijuí, onde a colheita da soja chegou a 85% e a média é de 3.798 quilos por hectare.
Milho grão – Segue a colheita da cultura das lavouras e atinge 80% da área cultivada no Estado, estando 11% em maturação. Em diversas regiões, a ocorrência de poucos volumes de chuva nas últimas semanas já causa déficit hídrico em lavouras ainda em floração (1%) e enchimento de grãos (8%).
Na Regional de Santa Rosa, a colheita do milho avançou para 85% da área, restando as de safrinha. Nas áreas do milho safra, houve perda 63% de produtividade devido à estiagem de setembro e outubro em relação à média esperada de 8.285 quilos por hectare. A maioria das lavouras de milho safrinha se encontra em formação da espiga/enchimento de grão, apresentando bom potencial produtivo de 6 mil quilos por hectare, apesar do forte ataque de cigarrinha, lagartas, cascudinho e mosca branca; produtores fazem de duas a três aplicações de inseticida. Muitas lavouras que seriam destinadas à produção de grãos apresentam deficiência de crescimento e enchimento de grão, sendo direcionadas para a confecção da silagem, inclusive antecipada, a fim de minimizar as perdas. As chuvas ocorridas durante a semana mantiveram as condições para o desenvolvimento das plantas, e a maioria das lavouras se encaminha para a fase de enchimento dos grãos.
OLERÍCOLAS
Na Regional da Emater/RS-Ascar de Ijuí, aumentou a implantação de olerícolas folhosas em ambiente aberto, com maior ênfase no repolho e na alface. Produtores dão continuidade ao preparo de novos canteiros e à limpeza das áreas cultivadas. Aumenta a colheita da mandioca, com produtividade um pouco abaixo da esperada inicialmente. Segundo produtores, o veranico de novembro prejudicou o desenvolvimento inicial da cultura. Aumenta a procura por semente de alho para pequenas áreas de cultivo. Cultura do tomate em cultivo protegido segue com boa produção e desenvolvimento adequado, condições beneficiadas pelas temperaturas elevadas durante o dia e amenas à noite. Viveiristas ofertam grande de mudas olerícolas em geral cultivadas para autoconsumo.
FRUTÍCOLAS
Caqui – Na Regional de Caxias do Sul, tradicionalmente abril é o mês cheio na maturação, colheita e oferta do caqui. Estão em colheita todas as principais variedades cultivadas na Serra gaúcha, destacando-se, no grupo manteiga, o Rama-forte e o Mikado, também conhecido por Coração-de-boi; no grupo crocante, os destaques no volume produzido, Kioto ou chocolate preto e Fuyu ou chocolate branco. Frutas de ótimo aspecto geral, bom calibre e sabor, porém os de polpa crocante ainda apresentam coloração de intensidade abaixo da plena maturação. Ainda assim, essa situação não inviabiliza seu consumo.
Pêssego – Na Regional de Pelotas, pessegueiros começam a perder as folhas, entrando no período de dormência. As plantas apresentam muito bom desenvolvimento de galhos e gemas nos ramos. Se ocorrer a quantidade de horas de frio adequada para a quebra da dormência das plantas, a expectativa é de boa safra futura.
Oliveira – Na região de Bagé, a colheita foi encerrada. A safra foi superior à do ano anterior, mas o rendimento de azeite ficou abaixo do esperado. As produtividades máximas atingiram uma tonelada por hectare. Já na Regional de Porto Alegre, a colheita está encerrando, confirmando indicativo de produtividade abaixo da expectativa inicial.
PASTAGENS E CRIAÇÕES
A falta de chuvas vem atrasando o desenvolvimento das espécies campestres cultivadas, prolongando o vazio forrageiro outonal. A diminuição da umidade no solo está prejudicando a implantação de novas pastagens e, dessa forma, atrasa o plantio das forrageiras de inverno. Em algumas regiões, os produtores rurais ainda utilizam algumas pastagens de verão, como o tífton, tanto para pastejo como para uso do feno, suplementadas com silagem e concentrados, a fim de garantir a produtividade dos rebanhos.
OVINOCULTURA
De maneira geral, os ovinos de todas as categorias apresentam boa condição corporal. Mesmo com a redução na oferta de pasto, ainda há forragem suficiente para manutenção dos rebanhos. A fase de encarneiramento está tecnicamente encerrada. As matrizes encontram-se na fase de gestação, sendo que as taxas de prenhez relatadas pelos criadores são bastante satisfatórias, devido às condições favoráveis nos meses de verão. Na regional de Bagé, em Caçava do Sul, os criadores que trabalham com encarneiramento mais cedo iniciaram a esquila pré-parto para preparar os nascimentos, que deverão iniciar nos próximos dias.
APICULTURA – Apesar dos dias mais curtos e da redução das temperaturas noturnas, as abelhas continuam ativas, com saídas a campo, aproveitando as floradas predominantes a fim de armazenar alimentos para a manutenção dos enxames. Os apicultores realizam manejos estratégicos para produção de alimentos de reservas para o inverno. Na região de Erechim, a produtividade média está em 18 quilos por caixa. No momento, os produtores realizam a retirada das melgueiras e dão início aos processos de acréscimo de redutores de alvado.
PISCICULTURA
O foco dos piscicultores ainda recai na organização dos viveiros para o próximo repovoamento, reflexo das despescas realizadas na Semana Santa. A distribuição de água vem mantendo-se adequada, mas os produtores seguem sendo orientados a manter o monitoramento nos níveis e da oxigenação das aguadas. Na Regional da Emater/RS-Ascar de Passo Fundo, os níveis dos açudes também estão abaixo do adequado, refletindo na qualidade da água e diminuindo as condições de crescimento dos peixes. Parte dos produtores ainda limpa e prepara os açudes para o próximo repovoamento.
Fonte: EMATER/RS