O estresse faz parte da vida moderna e, em doses pontuais, é uma resposta natural do organismo. No entanto, quando se torna constante e prolongado, passa a comprometer não apenas o equilíbrio emocional, mas também o funcionamento do corpo. A longo prazo, o estresse crônico pode prejudicar o sono, a digestão, a imunidade e até a memória. O mais preocupante é que, na maioria das vezes, ele se desenvolve a partir de hábitos cotidianos considerados normais ou inofensivos.
De acordo com a neuropsicóloga Dra. Leninha Wagner, o principal desafio está em identificar os gatilhos antes que eles se tornem parte da rotina. “O estresse crônico é sorrateiro. Ele não surge de um dia para o outro, mas se constrói aos poucos, no excesso de tarefas, na falta de descanso e até na autocrítica exagerada”, explica. Segundo a especialista, pequenas mudanças no dia a dia podem provocar impactos significativos na forma como o cérebro lida com a pressão constante.
Um dos primeiros pontos destacados é o respeito ao tempo do próprio corpo. Dormir pouco, alimentar-se de forma inadequada e ignorar pausas durante o dia envia ao cérebro a mensagem de alerta permanente. Esse comportamento estimula a liberação contínua de cortisol, o hormônio do estresse, mantendo o organismo em estado de tensão. Criar intervalos reais de descanso e valorizar o sono são atitudes fundamentais para regular o sistema nervoso.
Outro fator relevante é o excesso de estímulos digitais. O fluxo contínuo de informações, mensagens e notificações mantém o cérebro em estado de vigilância constante. Reservar momentos para se desconectar das telas, especialmente no período que antecede o sono, contribui para melhorar a concentração, o humor e a qualidade do descanso.
A especialista também ressalta a importância de cultivar pequenas rotinas de prazer no cotidiano. Atividades simples, como ouvir música, cuidar de plantas ou caminhar sem pressa, funcionam como sinais de segurança para o cérebro, ajudando a reduzir a tensão acumulada ao longo do dia.
A autocompaixão é outro ponto essencial no combate ao estresse persistente. Muitos quadros estão associados à autoexigência excessiva e ao medo constante de errar. O cérebro não distingue claramente uma ameaça real de uma ameaça interna, como a crítica severa a si mesmo. Adotar uma postura mais gentil consigo é, segundo a neuropsicologia, uma estratégia eficaz de proteção emocional.
Por fim, a respiração consciente aparece como uma ferramenta simples e acessível. Respirar de forma profunda e ritmada ativa o nervo vago, responsável por acalmar o sistema nervoso. Apenas alguns minutos diários dessa prática podem reduzir a ansiedade, melhorar o foco e contribuir para o equilíbrio emocional.
Para os especialistas, o objetivo não é eliminar completamente o estresse, mas aprender a regulá-lo. O estresse é uma resposta natural do cérebro, porém, quando se torna contínuo, adoece o corpo e a mente. Cuidar do equilíbrio diário, por meio de pequenas escolhas conscientes, é uma forma de autocuidado e também de prevenção a longo prazo.
Rádio Cidade Cruz Alta/RS