Com a chegada dos meses mais frios, cidades das regiões Sul e Sudeste registram aumento expressivo de atendimentos por crises de rinite e asma, principalmente entre crianças em idade escolar e idosos acima dos 60 anos. O ar mais seco, aliado ao uso prolongado de cobertores, tapetes e ambientes fechados, contribui para o agravamento dos sintomas e a elevação dos casos em hospitais e postos de saúde.
Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), a rinite alérgica já afeta mais de um quarto das crianças brasileiras, enquanto a asma atinge 10% da população, sendo responsável por aproximadamente duas mil mortes ao ano. A situação se agrava no outono e inverno, quando a umidade do ar em algumas cidades gaúchas, paulistas e mineiras chega a ficar abaixo de 30%, nível considerado crítico para a saúde respiratória.
Em Porto Alegre, por exemplo, os espirros em sequência, coriza e coceira nos olhos ao amanhecer já viraram rotina para muitas famílias. Em Belo Horizonte, é comum que os pais busquem atendimento médico para os filhos após noites de tosse e chiado no peito. “As crianças acabam faltando à escola com mais frequência por causa das crises de asma e das infecções respiratórias associadas”, relata a pediatra Dra. Carla Moreira, que atua em uma unidade básica da capital mineira.
Os especialistas explicam que o frio intenso e o hábito de manter portas e janelas fechadas favorecem a concentração de poeira, ácaros e fungos, gatilhos para crises respiratórias. Em cidades serranas como Caxias do Sul e Campos do Jordão, onde as temperaturas noturnas podem se aproximar de 0 °C, o uso de aquecedores sem ventilação adequada também agrava o problema.
Além das alergias, infecções virais como gripe, rinovírus, adenovírus e até coronavírus circulam com mais facilidade no ar seco, especialmente em ambientes escolares e coletivos. Em escolas públicas da região metropolitana de Curitiba, diretores relatam aumento de casos de gripe entre alunos nos últimos quinze dias.
A vacinação contra influenza e outras viroses é apontada como uma das estratégias mais eficazes de prevenção. Campanhas são reforçadas no início do outono, mas muitos pais ainda deixam de vacinar os filhos, segundo relatos de equipes de saúde da região de Campinas.
A ASBAI reforça que, para evitar crises de rinite e asma, é fundamental:
Lavar roupas de cama semanalmente com água quente;
Retirar tapetes e cortinas pesadas dos quartos;
Substituir vassouras por aspiradores com filtro HEPA;
Evitar bichos de pelúcia acumulados nos quartos infantis;
Utilizar umidificadores com cautela, apenas quando a umidade estiver muito baixa.
Outra recomendação é manter o tratamento mesmo quando não há sintomas, especialmente nos casos de asma controlada. Pessoas com doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, também precisam de atenção, já que infecções respiratórias exigem mais do sistema imunológico e podem desencadear descompensações.
Diante de qualquer sinal persistente ou agravamento dos sintomas, os especialistas alertam: procure atendimento médico imediato. O inverno pode ser desafiador para quem sofre com doenças respiratórias, mas com os cuidados certos, é possível passar pela estação sem sustos.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
