A produção apícola no Rio Grande do Sul tem enfrentado desafios significativos neste início de inverno, com variações nas floradas e impacto direto das condições climáticas sobre a atividade das abelhas. Dados divulgados pela Emater/RS-Ascar no Informativo Conjuntural desta semana mostram que regiões como Ijuí, Bagé e Erechim registraram queda na produtividade, enquanto outras, como Santa Maria e Pelotas, tiveram desempenho mais favorável.
Em Ijuí, o excesso de umidade prejudicou a colheita de mel. Apesar de poucas colmeias estarem prontas para extração, o clima impediu que o processo ocorresse de forma eficiente. Já em Bagé, a limitação de espécies vegetais em floração comprometeu a movimentação das abelhas operárias, refletindo negativamente na produção local.
No município de Erechim, apicultores enfrentam um momento de transição entre o final da colheita e os cuidados preparatórios para o inverno. A florada diminuiu consideravelmente, assim como a atividade dentro das colmeias. A região tem buscado alternativas de manejo para manter a vitalidade dos enxames durante os meses mais frios.
Em Caxias do Sul, a situação das colmeias foi classificada como estável. Não houve registros de doenças ou mortes significativas de abelhas. No entanto, técnicos da Emater relataram o abandono de alguns enxames — indício de estresse provocado por falta de alimento natural.
Frederico Westphalen tem adotado estratégias de reforço na manutenção dos apiários. Entre as ações estão a suplementação alimentar com xaropes, o controle da varroa (um ácaro parasita que ataca as abelhas) e o fortalecimento de colmeias mais frágeis. As medidas visam preparar os apiários para a redução de recursos naturais no inverno.
Enquanto isso, Pelotas se destaca positivamente com uma florada tardia de eucaliptos, que permitiu aos apicultores obter uma produção extra de mel. A comercialização segue voltada ao mercado interno, mas com preços mais elevados em comparação à safra anterior. Em Santa Maria, o cenário também é considerado bom: a qualidade do mel está alta e a produtividade das colmeias segue estável, sustentada pelas floradas de eucalipto.
Na capital Porto Alegre, mesmo com as temperaturas mais baixas, as abelhas operárias ainda mantêm certa atividade externa — o que indica um nível moderado de alimento disponível. Já em Santa Rosa, técnicos relatam redução acentuada no chamado “pasto apícola”, ou seja, na oferta de flores e vegetação útil para coleta de néctar e pólen, o que tende a impactar o volume de mel a médio prazo.
A situação reforça o desafio da apicultura frente às variações climáticas, exigindo atenção redobrada dos produtores ao manejo das colmeias e planejamento para enfrentar o inverno. O monitoramento técnico e o apoio das entidades de extensão rural seguem como aliados fundamentais para garantir a sobrevivência dos enxames e a continuidade da produção de mel no estado.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper