Durante a edição do programa Super Sábado do último sábado, 31 de maio, transmitido pela Rádio Cidade FM 98,3 e apresentado pelo jornalista Francisco Darol, o especialista em mecânica automotiva e eletrônica Cláudio Rosso, proprietário da CBR Soluções Mecânicas, trouxe ao público informações fundamentais sobre os cuidados com o sistema de arrefecimento dos veículos. Em clima descontraído, mas com conteúdo técnico de grande relevância, Cláudio alertou para os riscos de negligenciar esse sistema, especialmente nos meses de outono e inverno.
Logo no início da conversa, Rosso explicou de forma acessível o que é o sistema de arrefecimento: trata-se de um conjunto de componentes e fluídos cuja função é manter o motor do veículo em uma temperatura ideal de funcionamento. Ele é composto por reservatório, radiador, bomba d’água, mangueiras, válvula termostática, ventoinha e o fluído de arrefecimento, que já não é mais apenas água, como era no passado. Segundo o especialista, atualmente utiliza-se uma mistura de água desmineralizada e aditivos, com propriedades anticorrosivas e anticongelantes, que garantem o bom desempenho e a durabilidade do motor.
Um dos pontos de maior ênfase durante a entrevista foi a importância da verificação periódica do nível do fluído. Rosso recomenda que essa checagem seja feita com o motor frio e o carro estacionado em local plano, preferencialmente todos os dias, ou pelo menos uma vez por semana, conforme a confiança que o motorista tem no veículo. “Um pequeno vazamento, por mais discreto que seja, pode ser o suficiente para ferver o motor, causar empenamento do cabeçote ou até o engripamento dos pistões, o que pode gerar consertos de alto custo”, alertou.
Ainda sobre o nível do fluído, Cláudio explicou que todo reservatório possui uma marcação de mínimo e máximo. Com o motor frio, o fluído deve estar no nível máximo. Quando o motor atinge sua temperatura de funcionamento — por volta de 86 a 87 graus em carros movidos a gasolina — o sistema sofre uma dilatação térmica, e o nível pode baixar até o mínimo, o que é perfeitamente normal. “É aí que muita gente se engana”, pontuou. “A pessoa vê o nível no mínimo com o motor quente e acha que precisa completar. Vai lá, abre a tampa do reservatório e corre o risco de se queimar gravemente com o vapor quente.”
Outro aspecto importante abordado no programa foi a condição da tampa do reservatório. De acordo com o especialista, esse pequeno componente é responsável por manter a pressão interna do sistema. Caso esteja com defeito, pode causar o vazamento do fluído, comprometendo a eficiência do arrefecimento. “Muitas vezes, o motor está fervendo não por falta de fluído, mas porque a tampa não segura mais a pressão, o que desestabiliza todo o sistema”, esclareceu.
O apresentador Francisco Darol também questionou Cláudio sobre a relação entre o sistema de arrefecimento e as temperaturas mais baixas do outono e inverno. O especialista explicou que, embora o Brasil seja um país tropical, há regiões em que a temperatura pode chegar a zero grau ou até menos. Nesses casos, o uso do aditivo correto — geralmente composto por etilenoglicol — é fundamental para evitar o congelamento do fluído, o que pode danificar o motor. “O aditivo funciona como uma proteção. E mesmo que o congelamento não ocorra, ele também atua contra a ferrugem e o entupimento dos canais do radiador, que são problemas bastante comuns”, ressaltou.
Rosso também deu uma dica prática aos ouvintes: ele mesmo realiza testes caseiros com diferentes marcas de aditivos, colocando pequenas amostras no congelador para verificar sua eficiência. Embora tenha preferências por marcas específicas, preferiu não citá-las por questões éticas, mas garantiu que os bons produtos realmente cumprem o que prometem.
Outro ponto discutido foi sobre a frequência da reposição do aditivo. Para veículos mais antigos, é importante sempre utilizar o aditivo adequado ao completar o nível do sistema. Segundo Cláudio, embora muitas pessoas recorram à água da torneira, o ideal é usar água desmineralizada junto ao aditivo correto. “Se não tiver o fluído ideal na hora, é melhor colocar o que tem do que deixar o sistema sem fluído algum. Mas depois, o recomendado é corrigir o erro o quanto antes”, orientou.
A entrevista encerrou com orientações sobre o radiador, um dos componentes mais sensíveis do sistema. Batidas leves, impactos com pedras ou guias de calçada podem gerar pequenas trincas, comprometendo a estanqueidade do sistema. “Mesmo um vazamento mínimo impede que o sistema mantenha a pressão correta, o que pode causar superaquecimento. Em alguns casos, o radiador até pode ser consertado, mas se a estrutura estiver comprometida, o ideal é a substituição completa”, afirmou.
A participação de Cláudio Rosso no Super Sábado mais uma vez cumpriu o papel de informar e conscientizar motoristas sobre cuidados preventivos com seus veículos. Em especial no período mais frio do ano, quando os riscos de falhas no arrefecimento aumentam, manter a manutenção em dia é essencial para evitar prejuízos e garantir a segurança nas estradas.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper