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Fechado há 15 anos, Theatro Sete de Abril segue sem data exata de reabertura em Pelotas e impacto cultural se agrava
Publicado em 15/05/2025 14:30
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Há 15 anos, Pelotas convive com o silêncio em um de seus mais emblemáticos patrimônios culturais. Inaugurado em 2 de dezembro de 1834, o Theatro Sete de Abril permanece de portas fechadas, mesmo após a conclusão parcial de sua restauração. Localizado no coração da cidade, o prédio histórico aguarda a conclusão de obras fundamentais para voltar a receber o público. A previsão atual da Prefeitura é que a reabertura ocorra até o final de 2025, quando o espaço completará 191 anos de história.
Interditado pelo Ministério Público Federal em 2010, após constatação de risco de desabamento do telhado, o teatro passou por sua primeira intervenção entre 2013 e 2014, com recursos federais de R$ 1,2 milhão destinados à troca da cobertura. No entanto, foi constatada a necessidade de uma restauração completa. O projeto foi incluído no PAC Cidades Históricas e aprovado pelo Iphan em 2018, com obras iniciadas no ano seguinte. Desde então, entraves em licitações, a pandemia e mudanças políticas têm adiado a entrega.
A primeira fase do restauro, encerrada em 2022, recuperou fachadas, esquadrias, camarotes, camarins, palco, plateia, foyer e sistemas elétricos e hidráulicos. Agora, a etapa final envolve a instalação da nova rede elétrica, climatização, iluminação cênica, sistema de prevenção contra incêndios, cortinas e som. Segundo a atual secretária municipal de Cultura, Carmen Vera Roig, a instalação elétrica deve ser concluída nos próximos meses, o que permitirá a retirada dos tapumes e a liberação da fachada para visitação.
A situação do Sete de Abril gerou disputa de narrativas entre gestões. A ex-prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) afirma que a reabertura provisória era possível no início do ano, com uso de geradores e licenças emergenciais. O atual prefeito, Fernando Marroni (PT), contesta: diz que o projeto está longe do fim e que ainda são necessários R$ 5 milhões para garantir segurança e funcionalidade. “Pelotas merece um teatro plenamente funcional”, disse Marroni.
A demora preocupa artistas e estudiosos. Para a historiadora Suellen de Medeiros Cortes, conhecida como professora Suka, a prolongada interdição compromete a identidade da cidade. “Estamos formando uma geração inteira sem memória do Sete. Para eles, é só uma fachada coberta por tapumes. Isso é gravíssimo”, alerta.
A ausência do teatro afeta diretamente a produção artística local. O Grupo Tholl, que fez sua estreia no Sete nos anos 1990, relata dificuldades para se apresentar na cidade. “É um retrocesso enorme não termos um palco digno em Pelotas”, lamenta o diretor João Bachilli. “Cada vez que passo ali, sinto uma tristeza enorme.”
Enquanto isso, o grupo e outros artistas seguem criando e se apresentando em espaços improvisados ou fora do município. A cidade, por sua vez, aguarda que as luzes do Sete de Abril voltem a se acender — e que o berço da cultura pelotense volte a pulsar com vida e arte.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte: GZH
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