O predomínio de tempo seco e dias ensolarados no Rio Grande do Sul permitiu o avanço acelerado da colheita das lavouras de verão. Segundo o mais recente Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, a colheita da soja alcança 95% da área cultivada no Estado, restando apenas 5% das lavouras em estágio de maturação fisiológica. Já no caso do milho, 92% da área foi colhida, enquanto 5% das plantações seguem em maturação e 3% estão na fase de enchimento de grãos.
Soja enfrenta perdas por debulha natural e baixa produtividade
Apesar do avanço, os efeitos da estiagem têm sido prejudiciais. A ausência de chuvas por até quatro semanas em algumas regiões acelerou a debulha natural, causando perdas expressivas antes mesmo da colheita. Um levantamento da Emater/RS-Ascar na Região Oeste aponta perdas médias de 80 kg/ha de grãos já encontrados no solo.
A produtividade da soja se mantém abaixo do esperado, variando entre 1 mil e 2,5 mil kg/ha, com médias inferiores às projetadas no início da safra. O desempenho irregular das lavouras é reflexo direto da distribuição desigual das chuvas durante o ciclo das culturas.
Além disso, a alta umidade retida nas plantas nas primeiras horas da manhã, causada pelo orvalho intenso, tem atrasado os trabalhos no campo, elevando o risco de perdas por deterioração dos grãos.
Dificuldades com seguros e expectativa por chuvas
Embora as indenizações do Proagro e Proagro Mais estejam sendo liberadas com maior agilidade, a redução da cobertura de 25% a 50% em função da janela de plantio tem limitado o acesso à compensação, especialmente para produtores com rendimento inferior a 1,2 mil kg/ha.
Quem já concluiu a colheita aguarda agora chuvas para a reposição da umidade no solo, condição necessária para a implantação de culturas de inverno, cobertura e adubação verde. Enquanto isso, muitos seguem com práticas de manejo e conservação do solo, como calagem, subsolagem e construção de terraços.
Milho: colheita avança, mas déficit hídrico ameaça o enchimento de grãos
A colheita do milho segue em ritmo mais lento, aguardando o fim do ciclo das lavouras semeadas em dezembro. As condições secas e de alta radiação solar têm favorecido a operação com boa trafegabilidade das máquinas.
No entanto, a falta de chuvas nas últimas semanas compromete as lavouras em fase de enchimento de grãos, momento crucial para a definição da produtividade. Ainda assim, a redução da demanda evaporativa por conta das temperaturas mais amenas e o orvalho noturno têm amenizado o estresse hídrico, mantendo o aspecto visual das plantas.
Em algumas áreas onde choveu pontualmente, produtores iniciaram a semeadura de culturas de cobertura para proteção e preparo do solo para a próxima safra, prevista para começar na primeira quinzena de agosto. Contudo, a baixa umidade do solo ainda impede esse processo na maior parte do Estado.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper