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Desafio no financiamento rural: Farsul busca solução para garantir recursos para prorrogação de dívidas
Publicado em 30/04/2025 10:21
AGRO
O iminente anúncio do Governo Federal sobre a prorrogação das dívidas dos produtores rurais trouxe à tona um novo desafio: garantir que os recursos financeiros disponíveis atendam a demanda gerada pela medida. Apesar de as instituições financeiras estarem obrigadas a disponibilizar crédito rural, um número restrito de bancos faz isso diretamente. Outros apenas repassam os valores por meio do Depósito Interfinanceiro Vinculado ao Crédito Rural (DIR), obtendo lucros garantidos e sem risco sobre esses recursos obrigatórios.
O problema surge devido à falta de rentabilidade nas operações diretas de crédito aos produtores. O custo de captação do recurso, via repasse, é igual à receita máxima permitida, sem contar com os custos operacionais e o risco de inadimplência. Esse sistema acaba tornando-se ineficiente ao premiar a intermediação sem risco e prejudicar a atividade principal da política de crédito rural, que visa fomentar a concessão de crédito ao produtor com análise de risco.
Antônio da Luz, economista-chefe da Farsul, alerta para o impacto da falta de recursos nas instituições financeiras. "Quando uma instituição financeira está com falta de recursos para prorrogações, ela não prorroga ou o faz a juros de 2% a 3% a.m. Enquanto isso, outros agentes que têm obrigação de repasse preferem fazer empréstimos para quem paga mais, o que nunca é o caso da instituição que está com a carteira estressada", afirma.
Além disso, o economista destaca que, mesmo quando uma instituição paga para outra o valor correspondente aos juros, ela pode ter prejuízo ao inserir o crédito no Plano Safra, já que as prorrogações seriam feitas com juros atuais e pagos com juros futuros, diminuindo a quantidade de recursos disponíveis.
Para mitigar esse problema, a Farsul enviou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) um pedido solicitando a implantação de uma taxa 0% de intermediação aplicada ao DIR. A Federação acredita que a cobrança de juros no DIR prejudica a disponibilização de crédito aos produtores e resulta em lucros indevidos por parte dos agentes financeiros, diminuindo ainda mais a oferta de crédito.
"Estamos propondo soluções para liberar recursos e garantir que os produtores gaúchos tenham acesso ao crédito necessário. Com essa medida, poderemos aumentar a carteira dos bancos em até 20%, dando mais fôlego para as instituições realizarem as prorrogações mantendo os juros contratados", conclui Luz, ressaltando a importância de uma ação rápida para evitar o agravamento da crise no agronegócio gaúcho.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
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