A Polícia Civil de São Gabriel concluiu o inquérito que investigava a morte do menino Theo Ricardo Ferreira Felber, de 5 anos, ocorrida no dia 25 de março. O pai da criança, Tiago Ricardo Felber, de 40 anos, foi indiciado por homicídio qualificado e tentativa de homicídio. De acordo com a investigação, ele teria tentado matar o filho na noite anterior ao crime, por meio de asfixia, antes de jogá-lo de uma ponte sobre o Rio Vacacaí.
Segundo o delegado Daniel Severo, responsável pelo caso, o indiciamento pela tentativa de homicídio inclui as qualificadoras de motivo fútil — ciúmes e vingança da ex-companheira —, asfixia, dissimulação, recurso que dificultou a defesa da vítima e o fato de a vítima ser menor de 14 anos e descendente do autor. O crime teria ocorrido durante uma forte tormenta, o que teria sido usado pelo suspeito para abafar os gritos da criança, que não tinha capacidade de se defender.
No homicídio consumado, Felber também foi indiciado por motivo fútil e meio cruel, com a acusação de ter arremessado a criança com vida de uma altura de cerca de 10 metros com a intenção de que morresse afogada. O inquérito também aponta qualificadoras como traição e simulação, já que o autor teria levado o filho para um passeio de bicicleta, permitindo que usasse seu celular e oferecendo refrigerante para distraí-lo antes do crime.
A Polícia Civil considerou que os dois crimes — a tentativa e o homicídio — ocorreram em concurso material, o que implica na soma das penas. A autoridade policial também representou pela conversão da prisão temporária em prisão preventiva, sem prazo determinado. Felber segue preso desde o dia do crime, em penitenciária não divulgada por razões de segurança.
Ainda conforme a investigação, Felber confessou ter cometido o homicídio por vingança após o fim do relacionamento com a mãe da criança, encerrado em novembro do ano passado. O casal havia se mudado para São Gabriel em 2020, mas, de acordo com a mulher, a mudança acabou por afastá-la de sua própria família e agravou problemas financeiros. Apesar de comportamento possessivo, ela só havia registrado uma ocorrência formal contra o ex-companheiro, sem dar continuidade ao processo.
No sábado anterior ao crime, Felber havia buscado o filho para comemorar seu aniversário em São Gabriel. Na noite de segunda-feira, teria tentado esganar o menino, que sobreviveu. Na manhã seguinte, percorreu a cidade com a criança de bicicleta antes de levá-la ao local do crime. Após jogar o filho da ponte, ele enviou mensagens e áudios para familiares e para a ex-companheira relatando o ato, e se apresentou à polícia cerca de uma hora depois.
O caso gerou grande comoção em São Gabriel e em todo o estado, e o inquérito agora segue para o Ministério Público, que deverá oferecer denúncia formal à Justiça.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
