A situação do ex-vereador Celso Andrade Lopes (PDT), de São Borja, se agravou nesta semana após ser indiciado pela Polícia Federal por falsidade ideológica e fraude processual. Segundo as investigações, o político mentiu e forjou prova ao negar ter comparecido a uma festa de familiares de um chefe de facção criminosa com atuação na Fronteira Oeste, durante o período eleitoral de 2024.
Conhecido mais por sua atuação como empresário do ramo de restaurantes e hospedagem do que pela carreira política, Lopes se elegeu em 2020 e não conseguiu se reeleger em 2024, ficando como suplente. Ele teria participado do evento durante a campanha, mas apresentou à Justiça Eleitoral uma declaração registrada em cartório negando a presença, assinada por uma testemunha que depois voltou atrás.
A PF, no entanto, localizou um vídeo em que Lopes aparece na festa conversando com a própria testemunha que o inocentava. Diante do novo material, a testemunha admitiu que o político esteve no local e revelou ter sido orientada pelo advogado de Lopes, Guilherme Demoro, a assinar a declaração falsa. A própria defesa também teria redigido o documento.
Com base no vídeo, nos diálogos extraídos do celular de Lopes e no novo depoimento da testemunha, a PF indiciou o ex-vereador, seu advogado e o homem que assinou a falsa declaração por falsidade ideológica e fraude processual. O inquérito que apura os vínculos de Lopes com o crime organizado ainda está em andamento.
Em outubro do ano passado, a PF e o Ministério Público já haviam apontado interferência de uma facção criminosa na campanha de Lopes, com apoio material e financeiro vindo de pessoas ligadas ao grupo. O Ministério Público move ação contra o político por abuso de poder econômico e compra de votos, com denúncias que incluem a distribuição de materiais de construção, próteses dentárias, cestas básicas e dinheiro em troca de apoio eleitoral, além do uso de cabos eleitorais não declarados.
O promotor de Justiça Valmor Junior Cella Piazza pediu a cassação da diplomação de Lopes como suplente e sua inelegibilidade por oito anos, além da aplicação de multa. A Justiça Eleitoral ainda não se manifestou sobre os pedidos.
A defesa de Celso Lopes afirma que ele foi aconselhado a não se manifestar no momento. O advogado Guilherme Demoro nega que soubesse da presença do cliente na festa e diz ter atuado com base em uma suposta confusão de identidade.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper