Mais de 6 mil produtores rurais participaram da 11ª edição do Grito de Alerta, organizado pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), nesta quarta-feira (19), em São Luiz Gonzaga, na região das Missões. O protesto teve como objetivo principal sensibilizar o governo para a necessidade da renegociação das dívidas acumuladas pelos produtores devido a problemas climáticos, principalmente a falta de chuva, nas últimas cinco safras. A mobilização também deixou claro que os agricultores estão prontos para novas manifestações caso as demandas não sejam atendidas.
Com bandeiras, faixas e cestas com alimentos, os manifestantes percorreram os bancos da cidade, mostrando, em suas mensagens, a força da agricultura familiar e a importância de garantir a continuidade da produção no estado. “A Força de quem arranca comida e esperança de pedra” foi uma das frases que pôde ser lida nos cartazes.
Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag-RS, ressaltou que o movimento dará um prazo para que o governo tome ações concretas. “Se não houver resposta, voltaremos a fazer mobilizações fortes”, afirmou o dirigente. Joel destacou ainda que é necessário que os parlamentares gaúchos estejam unidos em torno de uma solução para o endividamento dos produtores, assim como as entidades do setor.
A proposta que tem sido defendida por diversas representações do agro do Rio Grande do Sul é a securitização das dívidas, um mecanismo que transformaria os débitos acumulados em uma conta única, com prazos e carências para o pagamento. O assunto está sendo discutido por meio de dois projetos de lei, um no Senado, de autoria do senador Luis Carlos Heinze, e outro na Câmara, proposto pelo deputado Frederico Westphalen. “Essa não é uma pauta da Fetag-RS, é da agricultura”, reforçou Joel.
A mobilização também gerou discussões no cenário político. O deputado estadual Elton Weber, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária Gaúcha, demonstrou frustração com a falta de diálogo do governo federal sobre a crise enfrentada pelos produtores rurais. “Sabe o que é um governo bom? É aquele que atende e ajuda o agricultor. Esse governo não está ajudando o agricultor. Não dá resposta”, criticou Weber.
Durante o evento, o tema foi também abordado na audiência pública da Comissão de Agricultura do Senado, com a participação do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. O senador Heinze propôs que sejam feitas prorrogações de parcelas de dívidas que estão vencidas ou prestes a vencer, até que uma solução mais estruturada seja encontrada para o passivo agrícola. A mobilização das famílias agrícolas da região das Missões reforçou a urgência dessa questão para garantir a sustentabilidade do setor no estado.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Foto: Fetag-RS / Divulgação