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"Perdemos um irmão e nossa mãe", diz filha mais velha de mulher encontrada morta em Cruz Alta; caçula está preso
Publicado em 07/03/2025 14:31
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Uma mãe amorosa, humilde, generosa e com forte devoção religiosa. Assim os dois filhos mais velhos de Carla Frida Naisk Sanders, encontrada morta após dois dias desaparecida, a descrevem. O filho caçula, um jovem de 24 anos, foi preso preventivamente e é apontado pela polícia como o autor do crime. O nome dele não foi divulgado oficialmente.
Ele teria confessado informalmente a policiais que matou a mãe e apontado o local onde enterrou o corpo. O caso aconteceu em Cruz Alta, no noroeste do Estado.
Carla teve outros dois filhos. A engenheira Danielli Cristina Sanders, de 32 anos, mora com o marido em Minas Gerais e chegou a registrar o desaparecimento da mãe no estado.
— Não sabemos como vai ser, é triste falar isso porque perdemos um irmão e nossa mãe, mas queremos justiça — conta Danielli.
Já Yan Rodrigo Sanders Santos é o filho do meio, tem 29 anos e trabalha como supervisor de loja em Santa Catarina, onde mora com a esposa e o filho pequeno.
— Ela foi uma guerreira, foi batalhadora, foi uma mulher que abriu mão da vaidade, abriu mão de muitas coisas pra correr atrás do propósito dela aqui na terra — conta Yan.
Apesar da distância dos dois filhos mais velhos, que moram em estados diferentes, os irmãos afirmam que a presença de Carla era constante, por meio de videochamadas, redes sociais ou visitas.
— A gente tinha conversado agora na última sexta-feira por ligação. Pude ouvir um "te amo" dela, que foi a última palavra que saiu da boca dela pra mim — conta Yan.
Os filhos explicam que Carla teve uma infância complicada. Após perder a mãe aos sete anos, foi entregue pelo pai a uma família que a maltratava, enfrentou abusos e, ainda muito jovem, recebeu o diagnóstico de que não poderia ser mãe. Esse fato foi um gatilho para Carla tentar tirar a própria vida, como conta Danielli.
— Ela fez um pedido e uma promessa a Deus, que Ele não deixasse de amar ela por tentar tirar a própria vida e que desse a ela a oportunidade de ser mãe de uma menina. E conta que prometeu que, se isso se realizasse, iria me criar nos caminhos do Senhor. Deus foi tão bom com ela que ela teve não só a mim, mas três filhos que ela amou incansavelmente, lutou por nós e nos deu tudo que nem podia dar — relata Danielli.
A mulher era aposentada por invalidez devido a sequelas de um ferimento no ouvido. Morava em uma chácara na zona rural de Cruz Alta com o filho mais novo e o companheiro, pai do jovem. Lá, cultivava frutas e verduras para vender e complementar a renda. Era frequentadora assídua da igreja e rodeada de amigos.
Os filhos de Carla buscam também uma forma de honrar sua memória. Danielli conta que um dos sonhos da mãe era escrever um livro, contando sua história para inspirar outras pessoas a não desistirem. Ela pretende concretizar esse desejo.
— Ela deixou cadernos e cadernos de orações. E também uma carta com 38 páginas contando as partes da vida dela que ela gostaria de colocar no livro. Nosso sonho era ver ela realizar isso em vida, mas infelizmente não é mais possível. Mas não vamos deixar esquecido — afirma.
Danielli lamenta não ter percebido antes o que se passava entre a mãe e o irmão mais novo. Segundo ela, relatos de vizinhos apontam que o caçula era violento com a mãe, tanto verbal quanto fisicamente.
— Ela nunca nos abandonou em momento algum, inclusive ele. Ela não contava o que acontecia porque sabia que ele poderia ser preso e ela ficaria longe dele — diz.
Yan revelou que sua relação com o irmão mais novo se deteriorou ao longo dos anos, especialmente depois dos 15 anos do suspeito. Segundo ele, o irmão demonstrava problemas comportamentais e, por isso, tentava convencer a mãe a se afastar.
— Ela dizia que precisava cuidar dele, que ele não estava bem. Mas nunca nos contou o quanto estava sofrendo.
A investigação começou com o desaparecimento de Carla, registrado na terça-feira (25) à noite e recebido pelas autoridades na manhã da quarta-feira (26). Além do registro em Cruz Alta, a ocorrência também foi formalizada no estado de Minas Gerais por Danielli, segundo o delegado Murilo Juchen.
Na quarta-feira, a polícia encontrou vestígios de sangue na casa da vítima, levantando a suspeita de homicídio. Segundo o delegado, havia manchas atrás do sofá e no espelho.
Durante a abordagem policial, o filho caçula teria confessado informalmente o crime e indicado onde enterrou o corpo.
— Na noite do desaparecimento, somente ela e o filho estavam na residência — comentou o delegado.
A Polícia Civil acredita que Carla foi morta entre a noite de sábado (22) e a madrugada de domingo (23). Segundo as investigações, o filho teria espancado a mãe até a morte e, depois, levado o corpo para uma área de mata fechada a cerca de cinco quilômetros da residência, onde enterrou o cadáver em uma cova rasa.
Na última sexta-feira (28), a Justiça decretou a prisão preventiva do homem, segundo o delegado do caso. Ele continua preso. A principal pendência no caso é o resultado da necropsia, que ajudará a esclarecer a causa da morte. A investigação, porém, acredita que apenas o filho da vítima esteja envolvido no crime.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte: GZH/Jornalista Eduardo Krais
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