O governo federal iniciou o terceiro ano de gestão com a promessa de priorizar a redução do preço dos alimentos, buscando aliviar o impacto da inflação no poder aquisitivo da população. Apesar das declarações otimistas, especialistas e o próprio histórico de resultados do governo levantam questionamentos sobre a efetividade das ações anunciadas.
Na última sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou uma reunião com ministros para discutir formas de baratear os alimentos, cobrando medidas imediatas. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o presidente está "preocupado com a questão dos preços". No entanto, as soluções apresentadas, como a redução do imposto de importação e estímulos à produção, são consideradas insuficientes por economistas, que apontam para a necessidade de mudanças estruturais de médio e longo prazo.
Medidas de curto prazo podem ser inócuas
Entre as propostas em discussão estão a redução de taxas do vale-refeição e vale-alimentação e o corte de tarifas de importação. Apesar de poderem trazer um alívio pontual, especialistas alertam que essas ações não atacam as causas estruturais da alta dos preços.
— São medidas paliativas, que não resolvem o problema. A logística brasileira e a falta de equilíbrio fiscal continuarão anulando esses pequenos avanços — afirmou o economista Antônio da Luz, da Farsul.
Promessas e ceticismo
O governo também considera investimentos em infraestrutura logística, como manutenção de estradas e ampliação de ferrovias e hidrovias. No entanto, essas ações demandam tempo e recursos significativos, o que contrasta com o espaço fiscal limitado que o próprio governo enfrenta.
Outras iniciativas, como a promoção de feiras livres e a fiscalização de práticas anticompetitivas, dependem de organização e execução eficiente, algo que, historicamente, tem sido um desafio para o governo.
— Há muitas promessas, mas poucas ações práticas e integradas. O consumidor já está acostumado a ouvir discursos e não ver os resultados — apontou o economista André Braz, da FGV.
Inflação continua pressionando o orçamento
A inflação, puxada principalmente pelos alimentos, continua sendo um dos principais vilões da economia brasileira. Em 2024, o grupo "alimentação e bebidas" registrou alta de 7,69%, e as primeiras medições de 2025 indicam que a pressão sobre os preços persiste.
Apesar da previsão de uma safra melhor neste ano, especialistas alertam que isso não significa redução nos preços, mas apenas um avanço menos expressivo. A população, por sua vez, segue desconfiada.
A população espera respostas reais
Enquanto o presidente Lula declara que fará "quantas reuniões forem necessárias" para resolver a questão, muitos se perguntam: será que desta vez o governo entregará o que promete? Ou as promessas de baratear os alimentos acabarão, mais uma vez, sendo apenas palavras ao vento?
Com um histórico de medidas que pouco impactaram no bolso dos brasileiros, fica a dúvida sobre se, de fato, o governo conseguirá transformar suas intenções em resultados concretos. Até lá, o custo de vida continua alto, e a paciência do consumidor, cada vez menor.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper