Em poucos minutos, o valor disponibilizado na linha emergencial do BNDES, destinada aos produtores rurais do Rio Grande do Sul atingidos pelas enchentes de abril e maio, esgotou-se completamente. Com R$ 420 milhões previstos, os recursos rapidamente se esvaíram, frustrando agricultores que buscavam renegociar dívidas. O esgotamento dos fundos foi amplamente relatado por produtores em redes sociais na sexta-feira, 11, e confirmado pela Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
Entre os produtores afetados está Lucas Scheffer, que cultiva soja em 1.500 hectares em Cacequi, na região central do estado. Com dívidas acumuladas de R$ 10 milhões devido às últimas três safras prejudicadas por condições climáticas, Scheffer tinha esperança de acessar os recursos anunciados pelo ministro Carlos Fávaro na Expointer, mas foi pego de surpresa pela rápida escassez. "O dinheiro acabou e atrasou ainda mais nossa situação", disse Scheffer, que agora recorre a condições bancárias com juros entre 12% e 14%.
A Farsul destacou que, do total de R$ 20 bilhões do Fundo Social, apenas R$ 5 bilhões estão disponíveis para emergências como a enfrentada pelo estado. O economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, alertou que parte desse montante já foi acessada por empresas de outros setores, restando apenas cerca de R$ 1,5 bilhão para os agricultores, um valor insuficiente para a alta demanda. A entidade propôs ao governo a ampliação da porcentagem de recursos destinados ao capital de giro, de 20% para 80%, na tentativa de aliviar a crise.
Enquanto isso, a bancada do agro do Rio Grande do Sul pressiona o governo federal, com senadores como Luiz Carlos Heinze (PP/RS) e Tereza Cristina (PP/MS) pedindo explicações sobre as restrições no crédito rural. Foram protocolados requerimentos para a convocação de ministros para prestar esclarecimentos no Senado. As medidas são consideradas urgentes, uma vez que os produtores precisam de crédito para preparar a nova safra, mas encontram-se sem recursos suficientes.
O BNDES informou que aprovou R$ 412 milhões em 400 operações de capital de giro no estado e aguarda novos aportes de recursos para continuar o Plano Emergencial.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte: Agro Estadão