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Falsas alegações sobre a epidemia de mpox espalham desinformação e teorias conspiratórias
SAÚDE
Publicado em 23/08/2024
A recente epidemia de mpox, também conhecida como varíola dos macacos, na África e a declaração de emergência internacional de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS) têm sido acompanhadas por um aumento significativo de desinformação e teorias conspiratórias. A situação gerou uma onda de alegações falsas, muitas com conotações homofóbicas e especulações infundadas.
 
Um dos principais disseminadores dessas informações falsas é o médico alemão Wolfgang Wodarg, conhecido por suas posições antivacinas. Em um vídeo amplamente compartilhado no X e traduzido para vários idiomas, Wodarg afirma que os sintomas da mpox são idênticos aos da herpes zóster, também conhecida como cobreiro. Ele vai além, sugerindo que a mpox seria, na verdade, um efeito colateral da vacina contra a covid-19 e que a indústria farmacêutica estaria manipulando a situação para obter lucro. Essa alegação é incorreta e confusa, uma vez que a mpox é uma doença identificada na década de 1970, muito antes do desenvolvimento das vacinas contra a covid-19. A mpox é causada por um vírus zoonótico da família dos poxvírus, enquanto a herpes zóster resulta da reativação do vírus varicela zoster, pertencente à família dos herpesvírus. Os sintomas também diferem: a herpes zóster causa lesões menores e dores intensas, enquanto a mpox se manifesta com bolhas e erupções cutâneas.
 
Além disso, há mensagens homofóbicas circulando nas redes sociais que afirmam erroneamente que a mpox afeta exclusivamente homossexuais. Essas alegações são infundadas e prejudiciais, ignorando a realidade de que a transmissão da mpox ocorre através do contato íntimo com a pele infectada, e não pela orientação sexual, como esclarece Richard Martinello, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Medicina de Yale. A doença pode ser transmitida por qualquer pessoa que tenha contato próximo com fluidos corporais de uma pessoa infectada.
 
Outra teoria da conspiração amplamente divulgada, especialmente no YouTube e no Facebook, afirma que um medicamento japonês chamado Tranilast seria altamente eficaz contra a mpox, mas que não está disponível para o público porque seria muito barato. Tranilast, aprovado em 1982 na China e no Japão para o tratamento da asma, nunca foi testado clinicamente para a mpox. Portanto, alegar que é eficaz contra essa doença é uma falácia sem base científica.
 
A OMS, por sua vez, tem reforçado que não possui autoridade para impor confinamentos. A organização atua como uma entidade científica e técnica que oferece aconselhamento e apoio aos seus 194 Estados-membros, que são soberanos em suas decisões de saúde pública. A ideia de uma "plandemia", uma pandemia supostamente planejada, é uma invenção de teóricos da conspiração e não tem respaldo na realidade.
 
O controle da epidemia de mpox de 2022 foi facilitado pela vacinação, conscientização das pessoas em risco e isolamento dos casos. A luta contra a desinformação é crucial para proteger a saúde pública e garantir que medidas eficazes possam ser implementadas para lidar com surtos de doenças. A verificação de informações e a educação sobre os fatos científicos são fundamentais para combater as notícias falsas e proteger a saúde da população.

 

Com informações: Jornalista Fernando Kopper
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