As exportações do agronegócio do Rio Grande do Sul somaram US$ 3,6 bilhões no segundo trimestre de 2024, uma redução de 4,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo o boletim Indicadores do Agronegócio do RS, divulgado nesta quinta-feira (22) pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). A queda, equivalente a US$ 158,5 milhões, foi influenciada por fenômenos climáticos severos que impactaram a logística das vendas externas e pela continuidade da tendência de baixa nos preços das principais commodities agropecuárias, como a soja, cujo preço médio de exportação recuou 15%.
O agronegócio representou 72,8% das exportações totais do estado no trimestre, sendo o complexo soja o principal destaque, com um crescimento de 5,3% nas vendas, totalizando US$ 1,47 bilhão. Esse aumento foi impulsionado principalmente pela soja em grão, que somou US$ 1 bilhão em exportações, um crescimento expressivo de 30,9%. No entanto, houve quedas significativas nos embarques de farelo de soja (-22,8%) e óleo de soja (-35,0%).
Apesar da recuperação do setor de soja, outros segmentos importantes do agronegócio gaúcho registraram quedas. As exportações de carnes somaram US$ 566,76 milhões, uma redução de 14,9% em comparação ao segundo trimestre de 2023. As vendas de carne de frango caíram 11,9%, totalizando US$ 327,02 milhões, enquanto as exportações de carne suína e bovina caíram 12,9% e 24,3%, respectivamente. No setor de cereais, farinhas e preparações, a retração foi ainda mais acentuada, com uma queda de 40,2% no valor exportado, principalmente devido à redução drástica nas vendas de milho, que caíram aproximadamente 100%, com apenas US$ 3,09 mil exportados no trimestre.
Por outro lado, alguns segmentos apresentaram crescimento. As exportações de fumo e seus produtos totalizaram US$ 517,85 milhões, um aumento de 9,9%, impulsionado pelo fumo não manufaturado, que registrou alta de 13,6%. O setor de produtos florestais também teve um desempenho positivo, com destaque para a celulose, cujas vendas cresceram 32,4%, somando US$ 287,71 milhões.
Em relação aos destinos das exportações gaúchas do agronegócio, a China manteve-se como o principal comprador, responsável por 34,1% do total exportado, seguida pela União Europeia (12,7%), Estados Unidos (6,2%), Coreia do Sul (3,4%) e Irã (3,1%).
No acumulado do ano, as exportações do agronegócio somaram US$ 6,5 bilhões, uma queda de 12,8% em relação ao primeiro semestre de 2023, representando uma redução de US$ 952,2 milhões. Entre os cinco principais segmentos do agronegócio, apenas o setor de fumo e seus produtos registrou alta nas vendas no acumulado do ano, com um total de US$ 1,1 bilhão, um crescimento de 6,6%. Os demais segmentos, como o complexo soja, carnes, produtos florestais e cereais, farinhas e preparações, apresentaram quedas significativas, puxando o desempenho negativo do semestre.
Além dos dados sobre exportações, o boletim do DEE/SPGG também apresentou informações sobre o emprego formal no agronegócio gaúcho. O número de desligamentos (65.989) superou o número de admissões (47.685) no segundo trimestre de 2024, resultando em um saldo negativo de 18.304 postos de trabalho com carteira assinada no setor. Em 2023, o saldo negativo havia sido de 8.442 empregos. Segundo o pesquisador Sérgio Leusin Júnior, responsável pelo levantamento, a maior queda no saldo de empregos foi observada nos setores de fabricação de produtos do fumo, de lavouras permanentes e de lavouras temporárias.
Ao final de junho de 2024, o Rio Grande do Sul contava com 389.335 vínculos ativos de emprego com carteira assinada no agronegócio. O setor de abate e fabricação de produtos de carne, que é o principal empregador do segmento no estado, encerrou o semestre com 66.948 vínculos ativos, uma queda em comparação aos 68.129 empregos registrados no mesmo período de 2023.
O boletim Indicadores do Agronegócio do RS, além de fornecer um panorama sobre as exportações e o mercado de trabalho, reforça a importância do setor para a economia gaúcha, destacando o impacto dos fenômenos climáticos e das flutuações de preços das commodities no desempenho do agronegócio no estado.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper