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Cruz Alta prestes a celebrar 203 anos de história: Um legado de tradição, cultura e influências marcantes no Brasil
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Publicado em 14/08/2024
Neste ano de 2024, a cidade de Cruz Alta, localizada no noroeste do Rio Grande do Sul, comemora 203 anos de uma rica trajetória que se entrelaça profundamente com a história do Brasil. Desde sua fundação em 18 de agosto de 1821, o município se consolidou como um importante centro cultural, político e econômico, exportando para todo o país grandes nomes da literatura, poesia, jornalismo e política.
 
A história de Cruz Alta começa no final do século XVII, com a fundação de São João Batista, um dos Sete Povos das Missões. Em 1698, o padre jesuíta Anton Sepp Von Rechegg mandou erguer uma grande cruz de madeira no local, o que deu origem ao nome da cidade. Esse marco, localizado em uma área estratégica, atraiu comerciantes, imigrantes, desertores do exército, contrabandistas e tropeiros que utilizavam o local como ponto de descanso e passagem.
 
 
Com o Tratado de Santo Ildefonso, assinado em 1777, que definiu as fronteiras entre as terras da Espanha e de Portugal na região, Cruz Alta tornou-se um ponto de invernada para milhares de animais e um importante pouso para os tropeiros que cruzavam os Campos Neutrais. Esses tropeiros, vindos de Sorocaba, na Capitania de São Paulo, compravam animais na região de Corrientes, hoje na Argentina, e os levavam de volta para a Feira de Sorocaba, consolidando Cruz Alta como uma das rotas mais conhecidas do tropeirismo.
 
 
No final do século XVIII, o local passou a ser conhecido como "Pouso da Cruz Alta", e muitos tropeiros, conhecidos como Biriva, se estabeleceram na região. Em resposta a uma petição dos moradores, a cidade foi oficialmente fundada em 18 de agosto de 1821. A água das vertentes do Arroio Panelinha, que abastecia os viajantes, deu origem à "Lenda da Panelinha", que prega o retorno daqueles que em suas águas saciaram a sede.
 
Cruz Alta foi elevada à categoria de vila em 11 de março de 1833, por uma Resolução Imperial assinada pelo Presidente da Província, Manuel Antônio Galvão. A vila logo se tornou um dos mais importantes centros da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, desmembrando-se de Rio Pardo, um dos quatro municípios iniciais da província.
 
A cidade desempenhou um papel crucial em momentos importantes da história do Rio Grande do Sul e do Brasil. Durante a Revolução Farroupilha, Cruz Alta foi palco de incursões militares e discussões políticas, recebendo o Alto Comando Farrapo em janeiro de 1841, com a presença de figuras históricas como Bento Gonçalves, Giuseppe Garibaldi, Anita Garibaldi e David Canabarro. Na Guerra do Paraguai, o município contribuiu com numerosos voluntários, que lutaram sob o comando de líderes como o Coronel Jango Vidal e o Brigadeiro José Gomes Portinho, que mais tarde seria agraciado com o título de Barão da Cruz Alta.
 
Cruz Alta também foi palco de movimentos abolicionistas que culminaram, em 30 de agosto de 1884, na extinção da escravidão dentro de suas fronteiras, quatro anos antes da Lei Áurea. A cidade foi elevada à categoria de cidade em 12 de abril de 1879, e, no mesmo ano, passou a contar com serviços de telégrafo, evidenciando seu desenvolvimento e importância regional.
 
Durante a Revolução de 1893, Cruz Alta ganhou o apelido de "Ninho dos Pica-paus", sendo um dos principais cenários dos conflitos. A cidade foi atacada em 26 de agosto de 1894 por tropas maragatas lideradas por Aparício Saraiva, irmão de Gumercindo Saraiva, resultando em oito horas de intensos combates. Mais tarde, na Revolução de 1923, a cidade novamente se tornou um ponto de interesse estratégico, com tropas circulando incessantemente por seu território.
 
Cruz Alta, que já foi um dos maiores territórios do Rio Grande do Sul, deu origem a 242 municípios ao longo dos séculos XIX, XX e XXI, entre eles Passo Fundo, Santa Maria, Santo Ângelo, Palmeira das Missões, Júlio de Castilhos, Ijuí, Panambi e Ibirubá. A cidade também é berço de grandes personalidades, como o renomado escritor Erico Veríssimo, o político Júlio de Castilhos, o senador José Gomes Pinheiro Machado, os generais Salvador Pinheiro Machado, Firmino de Paula, Leônidas Pires Gonçalves e Eduardo Villas Bôas, o médico Heitor Annes Dias, o poeta Heitor Saldanha, o jornalista Justino Martins, e o artista plástico Saint Clair Cemin.
 
Geograficamente, Cruz Alta se encontra em uma posição estratégica, com acesso pelas BR-158, BR-377 e RS-342, sendo um importante tronco rodoferroviário na região centro-norte do estado. A cidade apresenta um clima subtropical, com as quatro estações do ano bem definidas e uma grande amplitude térmica. A temperatura máxima registrada foi de 39,4 °C em janeiro de 1943 e 39,2 °C em janeiro de 2022, enquanto a mínima chegou a -4,5 °C em junho de 2012.
 
Ao longo de seus 203 anos, Cruz Alta se manteve como um município de destaque no Rio Grande do Sul, preservando sua rica herança cultural e histórica, ao mesmo tempo em que continua a desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento da região. A cidade celebra mais de dois séculos de tradição, com a certeza de que seu legado continuará a influenciar as futuras gerações.

 

Com informações e fotos: Jornalista Fernando Kopper
 
 
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