No último sábado, 10 de agosto, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB), deu início à extração e transcrição dos dados das caixas-pretas do ATR-72-500 da Voepass, que sofreu um trágico acidente na sexta-feira, 9, em Vinhedo, São Paulo. O desastre, que resultou na morte de 62 pessoas, é considerado o maior acidente aéreo em solo brasileiro dos últimos 17 anos.
As caixas-pretas, que incluem o gravador de voz da cabine (Cockpit Voice Recorder) e o gravador de dados de voo (Flight Data Recorder), foram encaminhadas ao Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo, em Brasília. Os técnicos já iniciaram o processo de extração dos dados, e o Cenipa informou que o trabalho será contínuo, com a previsão de que os primeiros resultados sejam divulgados em cerca de um mês.
A próxima fase da investigação envolverá uma análise detalhada dos dados extraídos, examinando as atividades realizadas durante o voo e o ambiente operacional, além dos fatores humanos envolvidos. O Cenipa também conduzirá uma revisão minuciosa dos componentes, equipamentos e sistemas da aeronave, bem como da infraestrutura do avião.
Embora o relatório final do Cenipa geralmente leve em torno de dois anos e sete meses para ser concluído, a divulgação preliminar dos dados será crucial para compreender as causas do acidente. No sábado, 10, as equipes de resgate finalizaram a remoção dos corpos das vítimas, que foram encaminhados ao Instituto Médico-Legal de São Paulo para identificação e liberação às famílias.
Especialistas em segurança de voo especulam que a formação de gelo nas asas da aeronave pode ter sido um fator determinante no acidente, levando ao que é conhecido como "parafuso chato", uma situação em que o avião perde sustentação e entra em queda livre. A Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica havia emitido um alerta sobre a possibilidade de formação de gelo severo na região onde o avião caiu.
A Voepass afirmou, em comunicado, que a aeronave estava em boas condições e havia passado por manutenção recente. O modelo ATR-72-500 é considerado seguro, e a análise das caixas-pretas deve esclarecer a dinâmica dos últimos minutos do voo 2283, além de verificar se houve alguma comunicação de emergência da tripulação. O Cenipa relatou que não foram registrados informes sobre problemas durante o voo pelos órgãos de controle.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper