A proximidade da abertura da janela de plantio da safra de verão, aliada à falta de respostas do governo federal aos pedidos de repactuação do endividamento agrícola, pode levar à redução da produção de grãos nas lavouras gaúchas. O alerta foi feito nesta quinta-feira (08/08) pelo presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, durante a abertura do ato organizado pelo movimento SOS Agro RS, em Porto Alegre.
“Pela primeira vez, vislumbro a diminuição de área do Rio Grande do Sul se as necessidades não forem resolvidas”, analisou Pereira, destacando a urgência de um decreto federal que regulamente a Medida Provisória Nº 1.247/2024. A MP, publicada na semana passada, estabelece descontos para a liquidação ou renegociação de parcelas de crédito rural, mas ainda carece de regulamentação.
Pereira afirmou que a medida só foi publicada após pressão de mobilizações anteriores do SOS Agro RS em Cachoeira do Sul e Rio Pardo, mas que ainda está longe de atender às expectativas do setor. “A MP veio extremamente burocrática, difícil de acessar porque depende de conselhos municipais. O sistema financeiro esteve na Farsul e disseram que não precisa nada disso, basta o produtor rural dizer a situação dele, quando muito uma declaração técnica”, criticou.
A principal preocupação do setor é a indefinição sobre o tempo de prorrogação das dívidas e a taxa de juros. Pereira questionou se o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) tem força suficiente para resolver a questão e influenciar o decreto. “Se não formos atendidos, quem vai pagar é a gôndola do supermercado”, enfatizou.
O presidente da Farsul destacou que, enquanto a MP oferece soluções apenas para recursos com juros controlados (subsidiados pelo governo), a maior parte dos financiamentos rurais no Estado é contratada com juros livres, o que agrava a situação dos produtores.
Após perdas de cerca de 30 milhões de toneladas de grãos nas últimas safras devido a estiagens, somadas às enchentes de maio, Pereira defendeu o perdão das dívidas para pequenos produtores e o alongamento do perfil das dívidas para médios e grandes, com condições de juros mais razoáveis. “Isso melhoraria nossa capacidade de pagamento e nos permitiria obter novos recursos para a nova safra”, disse.
Pereira garantiu que o setor continuará mobilizado até que uma solução definitiva seja apresentada pelo governo federal. “Enquanto não tivermos a solução do problema, vamos estar com nossos tratores nas ruas onde quer que seja e com nossa presença sempre que nosso povo chamar”, declarou, ressaltando o apoio da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) no Congresso Nacional e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte: Correio do Povo