Nos últimos dias, a internet foi inundada com memes satirizando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acusando-o de elevar impostos. Sob apelidos como “Taxad”, “Taxador de Promessas”, “Zé do Taxão”, “Nostaxamus”, “Taxa Humana” e “Pero Vaz de Taxinha”, os memes fazem trocadilhos com filmes e personagens famosos, retratando o ministro como um político ávido por arrecadação, determinado a cobrar impostos de tudo.
Alguns desses memes chegaram a aparecer no painel iluminado de Times Square, em Nova York, embora não se saiba quem financiou os anúncios.
Apesar do humor e das críticas, Haddad não reagiu publicamente aos memes. Políticos ligados ao governo defenderam o ministro, afirmando que ele busca justiça tributária, como o aumento do salário mínimo, criação de um cashback para os mais pobres na reforma tributária e isenção de imposto de renda para quem ganha até dois salários mínimos.
A BBC News Brasil solicitou um posicionamento do ministro sobre os memes, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem. Em sua conta no X, o Ministério da Fazenda postou seu próprio meme, elogiando a reforma tributária aprovada no ano passado.
Embora os memes estejam fazendo sucesso, é verdade que os brasileiros estão pagando mais impostos devido às políticas de Haddad e do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT)? Especialistas entrevistados pela BBC News Brasil explicam que a carga tributária brasileira teve uma leve queda no ano passado em comparação a 2022. No primeiro ano de Haddad no ministério, a arrecadação caiu de 33,1% para 32,4%.
No entanto, desde que Haddad assumiu o ministério, houve mudanças significativas na forma como o governo cobra alguns impostos federais, ajustes que ele defende como justos para a economia. De janeiro a maio, o governo arrecadou R$ 1,089 trilhão, um aumento real de 8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Parte disso se deve ao aquecimento da economia e ao aumento do emprego, mas também às medidas do ministério, como a tributação de fundos offshore.
Especialistas apontam que os memes refletem uma insatisfação geral com os impostos, exacerbada pela percepção de que os tributos pagos não estão se traduzindo em melhoras nos serviços públicos. Segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), o Brasil está em último lugar em um ranking que compara a qualidade de vida e uso dos impostos.
A imagem pública de Haddad como um "arrecadador voraz" pode impactar discussões futuras importantes, como a reforma tributária. O Congresso ainda precisa aprovar a segunda parte da reforma, mas os especialistas temem que esta etapa crucial possa ser adiada indefinidamente.
Apesar das críticas, Haddad e o governo defendem que estão corrigindo distorções históricas e buscando uma tributação mais justa e transparente. A popularidade dos memes mostra a insatisfação da população, mas também destaca a complexidade e a importância do debate sobre a tributação no Brasil.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper