Os altos volumes e a continuidade da chuva estão aumentando a complexidade de mais uma safra de inverno para os agricultores gaúchos. Embora o clima seco da segunda semana de junho tenha favorecido o plantio de trigo, as precipitações da semana passada paralisaram operações e intensificaram erosões em áreas já cultivadas.
Os relatos de dificuldades vêm principalmente da região Noroeste – a primeira a plantar e a colher, conforme o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) do Ministério da Agricultura e Pecuária. A maior preocupação recai sobre as lavouras de trigo, já que o Estado é o maior produtor nacional do grão.
Com a baixa oferta de sementes e a consequente elevação dos custos do insumo após a frustrada safra do ano passado, os agricultores enfrentam um cenário "mais complexo do que normalmente já é", comenta o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Alencar Rugeri. “O produtor planeja uma coisa e não acontece. Depois, muda de estratégia, mas, devido ao clima, tem que mudar de novo”, lamenta Rugeri.
Os municípios da Regional da Emater/RS-Ascar de Santa Rosa estão com cerca de 75% da área tritícola implementada. “No entanto, há relatos de baixa disponibilidade de sementes no comércio local. Além disso, muitas sementes da safra anterior, armazenadas pelos produtores, apresentam baixa taxa de germinação e vigor”, relata a instituição.
Na Regional de Ijuí, a extensão semeada aproxima-se de 70%. Contudo, as chuvas de 15 e 16 de junho provocaram erosão hídrica e carreamento de solo e sementes. A semeadura do trigo avançou também nos municípios de menor altitude da Serra, no Planalto e na área Central do Estado. A conclusão das operações chegou a 50% nas áreas monitoradas pelas regionais de Caxias do Sul, Frederico Westphalen e Soledade. Na porção de Erechim, o plantio chegou a 20% e, nos Campos de Cima da Serra, ainda não começou.
A projeção para a safra gaúcha de inverno será divulgada pela Emater/RS-Ascar na sexta-feira, dia 28. Até maio, o setor trabalhava com um recuo de área entre 15% e 20% nesta safra, em comparação com a anterior, quando foram plantados 1,5 mil hectares de trigo.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper