Na noite desta terça-feira, 28 de maio, o Congresso Nacional derrubou o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que mantinha as saídas temporárias, popularmente conhecidas como “saidinhas”, de presos em regime semiaberto. Com a decisão, os detentos não poderão mais sair para visitar familiares em datas comemorativas.
A votação foi decisiva: 366 votos a favor da derrubada do veto, 137 contra e 3 abstenções. A sessão conjunta do Congresso Nacional reuniu senadores e deputados federais para decidir a questão.
A manutenção do veto era uma prioridade para o governo, que buscou postergar a votação inicialmente prevista para o início de maio. Mesmo assim, não houve acordo com a oposição. Ministros, incluindo Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), tentaram sensibilizar os parlamentares. Lewandowski argumentou com a bancada evangélica sobre a importância das visitas familiares do ponto de vista cristão. No entanto, os esforços foram insuficientes para evitar a derrota esperada pelo governo.
O senador Sergio Moro (União-PR) foi um dos defensores da derrubada do veto, enfatizando a necessidade de ressocialização dos presos, mas destacando que isso não deve comprometer a segurança pública. Segundo Moro, a proibição das saídas temporárias não estimula rebeliões e é uma medida para proteger a sociedade.
A proibição das saídas temporárias foi aprovada facilmente em fevereiro pelo Congresso. Guilherme Derrite (PL-SP), secretário de Segurança Pública de São Paulo, relatou a proposta e acompanhou a sessão de análise dos vetos. A nova lei permite a saída dos presos apenas para frequentar cursos supletivos profissionalizantes, ensino médio ou superior.
Embora Lula tenha aprovado a maior parte do projeto legislativo, vetou o trecho referente às “saidinhas”. Segundo Lewandowski, o veto afetaria cerca de 118.328 detentos, de um total de aproximadamente 645 mil presos no Brasil. Lewandowski argumentou que a proibição violava princípios constitucionais, como a dignidade da pessoa humana e a individualização da pena.
Além da questão das saídas temporárias, o governo sofreu outra derrota na sessão. Não conseguiu derrubar os vetos do ex-presidente Jair Bolsonaro na Lei de Segurança Nacional de 2021, que incluíam a criminalização de fake news e o aumento da punição de militares por crimes contra o Estado de Direito.
Os parlamentares mantiveram os vetos de Bolsonaro por ampla maioria, comemorando a decisão com declarações críticas ao presidente Lula.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper