Nos últimos dias, o estado do Rio Grande do Sul tem vivenciado momentos de pânico e apreensão devido aos problemas ocasionados pelas intensas chuvas que atingiram a região. Enchentes, deslizamentos de terra, falta de água potável, energia elétrica interrompida, óbitos e operações de resgate se tornaram palavras-chave na internet quando se pensa no povo gaúcho. No meio de tantas histórias que são contadas, entrevistas e buscas por informações, esta semana trouxe à tona a situação do jornalista João Veríssimo, natural de Cruz Alta e expoente no jornalismo regional, que se encontra com sua família na cidade de Rio Grande.
Nesta sexta-feira, 17/05, o jornalista Fernando Kopper conversou por telefone com João, que nos forneceu um relato detalhado da situação vivida por aqueles que convivem diariamente com a preocupação constante com alagamentos e enxurradas.
"Estou aqui por uma razão, vim para o aniversário da minha neta. Meu filho e minha nora se estabeleceram na cidade, onde têm duas filhas, uma de 3 anos e outra de um ano e meio. Do dia para a noite tudo mudou, começaram as chuvas e os alagamentos, e consequentemente começaram a trancar todas as rotas e estradas devido aos desmoronamentos. Começamos a viver esse momento de tensão, toda vez que assistimos os noticiários nós acompanhávamos a informação de que as águas estariam vindo pelo rio Guaíba para Rio Grande. Obviamente, ao vir para cá, esse volume intenso de águas causou esse alagamento. Vivemos na expectativa das informações que avisam que as águas estão vindo para cá", explica João.
Segundo João, ao receber essas informações, a população começou a se programar e se preparar. "Defesa Civil, Bombeiros, mais de 70 bombeiros estão aqui para tirar antecipadamente as pessoas das casas. Primeiramente foram removidas 500 pessoas, na última quinta-feira mais 100, todos foram levados para abrigos", destaca João.
Ele também aponta que várias famílias perderam suas residências com os alagamentos. Além disso, destaca-se a falta de produtos necessários, como gás, água, alimentos e insumos para higiene. "Estamos vendo um clima de muito medo na cidade. Aqui no nosso prédio, as pessoas têm passado a noite em claro observando o canalete, que é uma espécie de canal que faz o ponto de equilíbrio entre a lagoa e o chamado saco da mangueira, onde desagua a água da lagoa no mar. Boa parte da cidade está alagada. Conversei com muitos moradores antigos da cidade, idosos de 70 e 80 anos, e todos são unânimes em dizer que nunca viram isso durante suas vidas. Hoje as águas baixaram um pouco, porém a perspectiva é que na semana que vem teremos um pico onde as águas irão subir novamente, essa é a informação que temos", comenta João.
João também ressalta que, ao receber a informação de que as águas devem subir novamente na semana que vem, a população está fechando os comércios e colocando sacos de areia e espuma expansiva para tentar lacrar a entrada dos estabelecimentos. "Tem gente que não tem como ir pro trabalho por causa da falta de transporte, por isso vemos botes e barcos pela cidade. Resumindo essa situação, foi uma experiência impressionante. Como jornalista, já fiz cobertura em enchentes e alagamentos no estado inteiro, como nos anos 70 quando fiz a cobertura de uma enchente gigantesca que ameaçou romper a barragem do Salto do Jacuí, mas nada que lembre o que estamos vivendo atualmente. São mais de 400 municípios embaixo d'água. Não é uma experiência boa, o clima, a tensão, o olhar de desolação, de desesperança é tudo muito complicado", detalha João.
Por fim, João afirma que vai aguardar tudo se resolver para retornar para Cruz Alta. "Nosso município de Cruz Alta é abençoado. Precisamos ter esperança, precisamos orar para que essas pessoas possam ter um conforto espiritual, a quem recorrer a Deus. Com certeza, Deus vai abrir as portas para todos terem de volta aquilo que foi perdido", conclui João.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper